A 2 de fevereiro de 1964, a Radiotelevisão Portuguesa (RTP) produziu o primeiro festival anual de canções para escolher o seu representante na Eurovisão, mas a resposta da Europa, no mês seguinte, não podia ter sido pior. Começava o nosso calvário

António Calvário levou à Europa uma “oração” melancólica ao gosto trágico-romântico lusitano mas escrita para a “revista à portuguesa”, em perfeita sintonia com um país tristonho, escutada em Copenhaga por 300 pessoas na sala e por 100 milhões de telespetadores nos países aderentes à Eurovisão. Meio século depois esta é cada vez menos uma festa de canções. Cartão-de-visita do que cada país é ou quer ser, não só na música, como na política televisiva e na promoção externa, talvez para muitos europeus o designado Eurofestival da Canção anda seja visto como uma oportunidade. Em Portugal, há quem diga que é um tema menor, ou que já foi mais importante para os portugueses. Mas há quem acredite que, por exemplo em termos sociológicos e das ciências musicais, o fenómeno eurovisivo das canções merece uma atenção por parte da investigação e ainda se torna uma oportunidade de exposição e valorização da imagem de um país.

O papel da imprensa foi, neste arco de tempo, indispensável para a divulgação desta iniciativa anual da televisão pública. Hoje, estes registos impressos constituem uma fonte bibliográfica para a História: entrevistas, fotografias, biografias, boletins de voto, quadros de votação, desenhos humorísticos, cenários, indumentárias, poemas, anúncios, curiosidades, polémicas e artigos de opinião. A imprensa continua a ter o seu papel importante, embora a oferta mediática se alargasse e as redes sociais na Internet se assumam, também, como espaços noticiosos e de debate desta temática.

Quando se completa meio século sobre a primeira participação portuguesa, registamos neste contributo umas pequenas histórias, a partir de notícias selecionadas, num trabalho decorrente de uma linha de investigação mais vasta, que fez apelo a um maior número de documentação e opiniões, porque explicar a história de um processo, que atravessou dois regimes políticos e diversas conceções de cultura musical e de relação do país com a Europa, não se pode limitar a uma parte da documentação.

A história portuguesa no Eurofestival da Canção foi caracterizada por algumas expectativas, mas muitos fracassos, cujas causas nem sempre se colocaram do lado artístico das diferentes participações, mas noutros aspetos que giram à volta das cantigas.

A imprensa esteve lá, para noticiar e deixar testemunho.

 

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FICHA TÉCNICA

Nos 50 anos do Festival da Canção: o olhar da imprensa nacional (1964-2014)

Coordenação do projeto
Álvaro Costa de Matos

Conceção, investigação, textos e seleção de imagens
Jorge Mangorrinha

Digitalização e tratamento de imagem
Serviço de Digitalização e Imagem da Hemeroteca Municipal de Lisboa

Webdesign
João Carlos Oliveira

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