Veja a canção vencedora |
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A imprensa procurou nos
leitores quem pudesse opinar sobre os vencedores do festival
deste ano. Os resultados de um breve inquérito revelaram que
“Tonicha, logo seguida de Paulo de Carvalho, desfrutava de uma
maior popularidade em relação a qualquer dos outros
concorrentes” (Diário Popular). Muitos dos nomes afamados
da canção portuguesa estavam presentes. Todos achavam importante
a vitória. Mas havia um dos autores que se apresentava,
avassaladoramente, com seis poemas a concurso, dos 40 que
escrevera para este ano (Ary dos Santos), e motivava o interesse
generalizado: “E fica sabendo, se não me levas ao Festival, quem
te canta uma cantiga do Ary sou eu!” (“Riso Amarelo”, Diário
Popular). Simone de Oliveira voltava a cantar com um tema a
concurso, precisamente de Ary e Tordo: “prefiro a qualidade e
não a quantidade” (Flama), confessava a cantora, que
acabaria por vencer o Prémio de Interpretação, “a exploração
sentimental do seu reaparecimento” (Diário Popular). Só
que a mesma dupla de autores fizera, há meses, uma oportuna
obra-prima de originalidade. “Tourada”, que passara à justa no
crivo da Censura, recebia à partida o favoritismo, embora
houvesse quem publicamente preferisse os temas defendidos por
Paco Bandeira (“É Por Isso Que Eu Vivo”) e Duarte Mendes
(“Gente”). A “Tourada” fazia falta a Fernando Tordo
(finalmente vencedor) e ao país, por certo – “uma boa sátira” (Flama).
Quem não gostou (e percebeu) foram os afamados da “festa
taurina”. O Sindicato dos Toureiros recebeu protestos e
dinamizou a luta contra a ida de “Tourada” ao Luxemburgo e uma
eventual ação judicial contra Ary dos Santos e a reprovação
pública dos gestos de Fernando Tordo durante a interpretação.
Tudo ficou por aí mas, ainda assim, o cantor terá sido convidado
a atenuar os gestos durante a atuação eurovisiva, aspeto
detetado e lamentado na imprensa (Diário de Notícias).
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