Veja a canção vencedora |
|
Uma canção feita à medida para a Eurovisão fez parte do convite
da RTP aos autores de “Amar”, concebida tendo como predomínio a
língua inglesa, numa interpretação dos 2B (Luciana Abreu
e Rui Drummond) – “Lá vai Portugal, outra vez, esperar por uma
vitória nas cantigas da Europa.” (Focus). Mas a questão
dos idiomas seria polémica: “Em tempos de globalização, é
através das particularidades estéticas e linguísticas que os
países podem diferenciar-se, sobretudo em eventos como o
Festival da Eurovisão”, referia Tozé Brito, como Presidente da
Associação Fonográfica Portuguesa, contraditado por Nuno Santos,
Diretor de Programas da RTP, que não concordava em se
“questionar o uso do inglês neste tipo de acontecimentos,
principalmente quando estamos em tempos de globalização” (Jornal
de Notícias). A canção não passaria da semifinal, sendo
prejudicada pelas deficiências do som no palco de Kiev: “Os
custos do triste fado lusitano” (Correio da Manhã). A RTP
apostara numa canção “enérgica, poderosa e propositadamente
cantada em português e inglês”, tal como definira Nuno Santos.
Talvez uma das receitas possíveis de futuro, mas algo se passou
ao contrário das expetativas. Mas, também, houve quem (Nuno
Galopim) identificasse nesta canção pouco ou nada do que “de
melhor se faz entre nós no departamento pop. Além de que
em nada sugere um sentido de portugalidade, isto numa altura em
que a identidade étnica recomeça a ser um trunfo eurovisivo.” (Diário
de Notícias). Neste ano, o modelo foi diferente. Como
defendeu o mesmo responsável da RTP: “Nunca se encontra uma
solução que agrade a todos. Nem nós temos a pretensão de
consenso. Temos é o objectivo de defender da melhor maneira os
interesses da RTP e achamos que esta é a melhor forma.” (TV 7
Dias). Opinião complementada por um dos autores (José da
Ponte) da canção a concurso: “Portugal deve deixar as
questiúnculas internas; a Europa de hoje não se compadece com os
nossos pequenos problemas, os nossos queixumes sobre a situação
económica (…), é necessário relançar no exterior a imagem do
país.” (Diário do Minho).
|
|