Veja a canção vencedora |
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O alargamento do número de canções candidatas ainda foi maior
neste ano e havia mais novidades nas vozes a concurso. A RTP
alargava e modernizava os meios. A imprensa dava conta das
expetativas quanto às surpresas e, também, do entusiasmo que se
percebia nos portugueses para assistir a mais uma noite
festivaleira. “Verão”, na voz de Carlos Mendes, foi a
vencedora-surpresa. E a imprensa não a poupou: desde ser a
expressão de uma certa juventude desabrochante a ser considerada
medíocre. E rejubilou com o boato de a canção não ser inédita (Rádio
& Televisão), mas também houve quem sustentasse a vitória no
ritmo mais atual e orquestração “com uma réstia de
originalidade” (Flama). O intérprete era visto como um
caso perdido para a música, dado que daria preferência ao curso
de Arquitetura (Flama). Relativamente aos outros
intérpretes, a imprensa não perdia casos inusitados, como a
injeção de João Maria Tudela, para ganhar a voz que perdera, e o
desmaio de Simone de Oliveira, logo após cantar um dos temas a
concurso (Diário Popular). Em Londres, Carlos Mendes goza
o ambiente e compra a sua camisola de gola alta azul clara, tal
como se apresentaria no Royal Albert Hall. Foi necessário alugar
uma bateria e comprar uma guitarra (Flama). Deliciava-se
por estar a concorrer com Cliff Richard, seu ídolo e considerado
o vencedor à partida. Mas seria a Espanha, com Massiel em vez de
Juan Manuel Serrat, que viria a conquistar a primeira vitória
para o país vizinho, cuja promoção foi bem noticiada pela
imprensa portuguesa, talvez pelo escândalo da mudança de
intérprete, pelo facto de o chefe do Governo espanhol (General
Franco) exigir que Serrat cantasse em castelhano e não em
catalão como este queria. No final, Portugal “não foi brilhante
mas também não foi mau” (O Século Ilustrado).
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