Veja a canção vencedora

À terceira tentativa de lançar na Europa uma canção portuguesa que competisse com as restantes, a RTP desafia os compositores já participantes nos anos anteriores, que escolheriam os intérpretes, mas quem vencesse podia não ser o intérprete a levar à Eurovisão. A televisão portuguesa também lançaria a possibilidade de participação dos espetadores presentes nos Estúdios da Tobis, através de uma espécie de “totocanção”, já que por 5$00 podiam fazer as suas apostas (Rádio & Televisão). Com “Ele e Ela”, venceu Madalena Iglésias que, na manhã seguinte, daria uma entrevista onde confessa o seu contentamento por ir defender à Eurovisão uma canção moderna e “genuinamente portuguesa” (Diário Popular). Mas não se livraria do boato de que teria comprado o júri distrital por 2700 contos (Flama). A RTP esforçou-se por promover o melhor possível a sua canção, através de uma pasta com o disco, as biografias de intérprete e autores, a tradução da letra para francês e inglês e as fotografias (O Século). No Luxemburgo, Madalena foi considerada pela imprensa internacional a intérprete mais bonita, não só pela beleza do seu rosto, mas porque foi notada a “colecção de toilettes, simples, elegantes e modernas” (Flama) e, por certo, pelo penteado idealizado pelo cabeleireiro Couto “de categoria internacional” (Rádio & Televisão). No final, “Madalena Iglésias – 6 / Domenico Modugno – 0” (Diário Popular), aludindo-se à eventual conspiração geral contra o cantor italiano, favorito à partida, mas que ficaria em último.

 
     

 

Século Ilustrado, n.º1471, 12 de Março de 1966, pág. 8
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