Veja a canção vencedora |
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Uma voz poderosa e uma dupla de autores internacional fizeram a
receita para ganhar. A votação foi expressiva em Vânia
Fernandes e na canção “Senhora do Mar (negras águas)”. O
sistema de votação avariou várias vezes. Conta-se que a central
telefónica de um casino da Madeira posta à disposição para fazer
vencer Vânia “fez sobrelotar o sistema e inibir de voto os
apoiantes de outros concorrentes.” (Focus). Para a
Sérvia, restaria “a lusitana esperança de passar, pelo menos, à
final da Eurovisão” (Nova Gente). Sem que Portugal
conseguisse, até este ano, receber atenções a Leste, pelo
predomínio destes países no concurso eurovisivo, a pergunta
colocava-se com pertinência: “Será que é desta?” (24 Horas).
Em Belgrado, a comitiva portuguesa acreditava fazer história. E
fez! Um segundo lugar na semifinal alimentava esperanças numa
classificação final sem precedentes. Aliás, no início da última
atuação de Vânia Fernandes, a locutora da RTP deixava no ar: “E
quem sabe, para o ano, se não seremos nós os anfitriões. Tudo
indica que sim”. Para além do carinho recebido pelas restantes
comitivas, pela imprensa europeia e pelos fãs da Eurovisão, a
atuação foi ao nível de uma vencedora – “de arrepiar esta
prestação de Vânia Fernandes. Fantástica como nunca. A Europa
está rendida a esta voz da Madeira, a esta voz portuguesa”,
segundo uma vez mais a locutora. A imprensa, designadamente em
colunas de opinião (Ana Markl), sublinha a justeza de se ter
passado à final, pela primeira vez em quatro anos: “No meio de
proto-Britney Spears saltitantes a desafinar, nenhuma cipriota
cantou como Vânia Fernandes. Fiquei triste porque a canção da
Irlanda, cantada por um peru, não foi apurada. Mas ainda tenho
esperança no barbudo da França e no maluco de Espanha.” (Sol).
Mas algo se passou com a votação da final, para que a
classificação portuguesa não ultrapassasse um lugar mediano
(13.º), apesar de ter sido considerada a melhor pelos
jornalistas em Belgrado, a lembrar o longínquo ano de
“Desfolhada”, em que também fomos vencedores antes do tempo.
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