col. Biblioteca-Museu República e Resistência

Depois de, em 1922, sair a público A Mentira da Flandres, de Ferreira do Amaral, publicava-se em 1923, com chancela da Tipografia do Comércio, e do mesmo autor, A Batalha do Lys. A Batalha d'Armentières ou o 9 de Abril.

O texto havia tido uma primeira circulação em Angola, em 1920, sob a forma de folhetim publicado no Jornal de Benguela. Depois disso, o mesmo jornal publicou-o em separata, em edição de 1000 exemplares, cujo valor de venda reverteu a favor dos Mutilados de Guerra. Esgotando rapidamente e com restrita circulação na Metrópole, foi alvo desta nova edição.

Não tendo participado na Batalha de La Lys, Ferreira do Amaral faz assentar o seu texto (onde afirma pretender assumir-se "tanto quanto possível como árbitro") no confronto e comentário dos testemunhos alternados de dois generais dos exércitos em confronto nesse dia 9 de Abril de 1918: Erick Ludendorff, general responsável pela ofensiva alemã e autor de um texto que circulava desde 1920 na versão francesa (eventualmente L'Armée allemande pendant la guerre de 1914-1918, grandeur et décadence, manoeuvres en lignes intérieures, por Edmond Buat); e o general português Gomes da Costa, autor de A Batalha do Lys : o Corpo de Exército Português na Grande Guerra : 9 de Abril de 1918, editado também em 1920, no Porto.

Este título resume-se, assim, nas palavras do autor, a um "trabalho de compilação e sobretudo um relato de pessoas, logares, factos e datas, que a actual geração portuguesa não póde nem deve ignorar", sobre o episódio mais sangrento da participação portuguesa na I Guerra Mundial. Compilação enriquecida pela visão sempre crítica de Ferreira do Amaral.

João Carlos Oliveira | Lisboa, HML, novembro 2014