col. Biblioteca Museu República e Resistência

Augusto Casimiro (Amarante, 1889-Lisboa, 1967) foi um dos mais prolíficos escritores, contemporâneos, a contribuir com títulos sobre a I Guerra Mundial. Este seu Sidónio Pais, editado em 1919, subintitulado Algumas notas sobre a intervenção de Portugal na Grande Guerra, é uma compilação de artigos do autor, publicados no jornal A Vitória, no verão de 1919.

São textos de intervenção e comentário político, já posteriores ao atentado que vitimou Sidónio Pais, mas que giram em torno do que o autor considera as consequências ruinosas de que se revestiu este breve consulado nas condições do Corpo Expedicionário Português na frente de batalha: “o governo, absolutamente desinteressado de nós, deixava sem resposta os telegramas instantes do general Garcia Rosado, sob cujo comando se havia conseguido, contra e apesar do criminoso silêncio de Lisboa, aproveitar, para pôr um remate nobre a tanta miséria, o que restava ainda de fé, de esperança e de patriotismo eficiente, no mutilado, abandonado e mil vezes negado Corpo Expedicionário Português”.

Grande parte dos textos constitui uma contestação expressa à carta de Cunha e Costa no jornal Época, de 29 de Julho de 1919, intitulada “Sidónio Pais!”, e que se estende ao longo de 47 artigos que enaltecem a ação do Presidente, e que podem resumir-se à conclusão afirmada: “Sidónio Pais no capítulo relativo à nossa intervenção na guerra está limpo de toda a suspeição”.

Augusto Casimiro, por seu turno, reúne nas suas apreciações argumentos que tendem para reputar Sidónio Pais de “germanófilo e não intervencionista”, para o que se suporta ainda, no final do volume, em textos de outros autores publicados também n’A Vitória.

João Carlos Oliveira | Lisboa, HML, setembro 2016