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GAZETA DA SEMANA, semanário, publicou-se de 1 de
abril de 1976 e 3 de dezembro de 1976, totalizando 31 edições
complementadas por um número especial, em 15 de janeiro de 1977,
que pretendeu, sem êxito, relançar o jornal. Teve como diretor
João Martins Pereira, e
como último proprietário a
ÁGUA MOLE – Sociedade Cooperativa para produção de
actividades culturais e editoriais, SCAR.
Última edição:
Ano 1 / N.º 31 / sexta-feira, 3/12/76
N.º Especial / Ano 1 / 15/2/77
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GAZETA DA SEMANA
Já poucos se lembrarão do
semanário
Gazeta da Semana, que
figurou no cardápio da imprensa portuguesa de 1976. O Ano Um da
III República e do regime democrático, viabilizado pela
revolução de Abril de 1974, durante o qual se assistiu à
aprovação da
Constituição
(Abril); eleição da primeira
Assembleia da Republica (não
constituinte, em Abril); eleição do primeiro
Presidente da República (Junho);
primeira eleição para as
Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas
dos Açores e da Madeira (Junho); primeira eleição para as
Autarquias (Dezembro).
Acontecimentos que ficaram registados nas páginas do
Gazeta da
Semana que no dia
1 de
Abril de 1976, uma 5.ª feira,
apareceu nas bancas de jornais, deu os seus primeiros passeios
debaixo do braço de quem o comprou e foi tema de conversa de
café ou de análise mais inflamada em outros espaços de
confluência de gentes.
O novo
semanário era
propriedade de
João
Martins Pereira
- secretário de Estado da
Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, em funções
durante o “Verão Quente” de 1975
- que também era o diretor;
o jornalista Jorge Almeida Fernandes assumia as funções de
diretor-adjunto; a redação era constituída por jornalistas do
recentemente desaparecido diário República (em
22/12/1975), e contava com a colaboração de Fernando Silva
Oliveira Baptista, ministro da Agricultura do IV Governo
Provisório, Valentim Alexandre, Alfredo Soveral Martins, Adelino
Gomes e Joaquim Furtado, entre outros.
Teve uma vida breve, 9 meses, e intermitente,
pois conheceu duas interrupções, sempre derivadas de
«dificuldades económicas», abertamente assumidas: a primeira,
entre Agosto e Setembro; a segunda, e derradeira, entre Dezembro
de 1976 e Janeiro de 1977. Deixou um legado de 31 números mais
1, um «Número Especial», a sua última batalha pela
sobrevivência.
Esse
«Numero Especial» foi lançado no quadro de uma Festa de
Solidariedade que teve lugar no dia
15 de
Janeiro de 1977, no Pavilhão dos
Desportos, em Lisboa. O evento, promovido pela
Água
Mole – Sociedade Cooperativa para produção de actividades
culturais e editoriais, SCARL,
proprietária do jornal desde Novembro de 1976, tinha por
objetivo a angariação de fundos para viabilizar o reaparecimento
do
Gazeta, que
enfrentava graves dificuldades económicas. O cartaz da Festa
ostentava alguns dos cantores mais reconhecidos e mobilizadores
da música de intervenção, como Sérgio Godinho, José Mário
Branco, Vitorino, Francisco Fanhais, Júlio Pereira e Fausto;
corais alentejanos; os grupos de jazz Plexus, Ephedra, Tantra,
Beatnicks, Música da Atlântida; além do Teatro da Cornucópia e
de «Os Cómicos». Estava previsto que a Festa dos amigos do
Gazeta se reunisse no dia seguinte
(16), no Palácio de Cristal, no Porto, e no dia 28, em Coimbra,
mas não apuramos se esse desejo passou chegou a concretizar-se.
Segundo as notícias da época,
ao Pavilhão dos Desportos acorreram cerca de 5 mil pessoas. No
final do espectáculo, o director-adjunto interino do
Gazeta,
Jorge Almeida Fernandes, subiu ao palco e lançou um novo repto:
se 1500 pessoas se fizessem sócias da cooperativa Água Mole a
Gazeta teria o seu futuro garantido.
Não teve! Alguma coisa correu mal: ou os sócios não apareceram
ou não chegaram a acordo. Certo é que o Gazeta da Semana
não voltou a publicar-se.
No «Numero Especial» do Gazeta ficou
registado, com algum detalhe, a existência conturbada deste
periódico que recusava a publicidade e quaisquer apoios
financeiros, cultivava o humor gráfico e definiu o seu programa
em torno de três objectivos: «informar, dar a palavra, discutir
uma alternativa revolucionária ao capitalismo e ao fascismo.»
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