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A TARDE : jornal independente, diário
vespertino, publicou-se em duas séries, de 1 de outubro de 1979
a 7 de maio de 1982 e de 17 de maio de 1982 a 31 de dezembro de
1985. Totalizou 1696 edições (785 na 1.ª série, 911 na 2.ª
série). Teve como último diretor (interino) Humberto Ferreira, e
como último proprietário a
AFINCO - Sociedade Editora de
Publicações, SARL.
Última edição:
N.º 911 / II série / terça-feira, 31/12/85
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A TARDE : JORNAL
INDEPENDENTE
No último dia do ano 1985, na primeira página,
A TARDE
despediu-se dos seus leitores e anunciantes, em tom vacilante.
Afinal, ainda havia esperança de que não fosse o adeus final,
mas apenas a «Pausa» que o diretor-interino, Humberto Ferreira,
chamara ao título do seu editorial. Talvez a história de
A TARDE
se repetisse. Talvez fosse seu desígnio ter várias vidas.
Nascida em Outubro de 1979, já conhecera o drama de estar com a
vida «suspensa», por 10 dias (7 a 10 de Maio de 1982), para se
submeter a «uma profunda reestruturação». E regressara às
bancas, iniciando a sua segunda vida. Ou II série.
O “milagre” podia repetir-se
em 1986. Era a empresa proprietária que o afirmava, na primeira
página, em letra cheia: «Suspensa a publicação de A Tarde. Novo
matutino previsto para Fevereiro». Notícia que era ilustrada com
um
cartoon de Pedro Metello, onde
A TARDE,
representada por um cavaleiro, tinha pela frente uma estrada sem
fim.
A existência de um jornal privado assegurado
por uma equipa que soubera manter-se fiel à linha editorial
original «de intervenção política activa, em defesa dos valores
da iniciativa privada e da recuperação de Portugal»; que
garantira «uma das poucas vozes da Imprensa independente
portuguesa»; e que dera provas do seu empenho e resiliência, era
fundamental e tinha de continuar, defendia Humberto Ferreira. E
administração da AFINCO ou alguém em seu nome parecia concordar
com ele e foi adiantando: «O novo matutino da nossa editora terá
um figurino inédito e será marcado pela renovação de jornalistas
e colaboradores, em reforço do actual corpo redactorial. O
director indigitado, dr. Jaime Nogueira Pinto, já recolheu o
parecer favorável do conselho de redacção. As seis semanas de
interrupção serão usadas para testes e adaptação da nova equipa
ao projecto em causa. Contamos, pois, apresentar um produto que
mereça a preferência de grande número de leitores interessados
numa informação diversificada, rigorosa e actualizada.»
Mas, afinal, que razões foram
invocadas para justificar a interrupção de
A TARDE?
Humberto Ferreira, no seu
editorial, refere-se a dois problemas: por um lado, os apoios
concedidos pelo poder governativo aos «jornais estatizados» e,
por outro lado, as repetidas «condenações» de
A TARDE
por denunciar esses mesmos apoios: «Se é difícil trabalhar na
Imprensa portuguesa, bastante mais difícil é trabalhar num
jornal repetidamente condenado. Especialmente quando ao mesmo
tempo assistíamos e noticiávamos as centenas de milhares de
contos atribuídos arbitrariamente pelo Governo do Bloco Central
(nesta última fase) aos jornais estatizados, cujos prejuízos são
muito superiores aos de
A TARDE.»
Já a notícia sobre a suspensão temporária apenas critica os
«maus exemplos do proteccionismo e expansão dispensada em 1985
às empresas públicas do sector» da Comunicação Social.
Resumindo, o problema de
A
TARDE estava na sua (in)sustentabilidade
financeira. Aparentemente, numa primeira fase, apareceu gente
disposta a investir na manutenção do jornal, sob determinadas
condições. Mas o tempo acabou por demonstrar que essas
negociações e acordo se goraram.
A 30 de Dezembro de 1986 ainda saiu um exemplar, com apenas duas
páginas, praticamente preenchidas só com fotografias. Deram a
cara por esse número derradeiro, cujo objetivo era, ainda,
garantir a propriedade do título: Jaime Nogueira Pinto, como
diretor, Mário Contumélias, como chefe de redação, Bruno Matos e
Manuela Teresa, como chefes de redação adjuntos. Mas já era
tarde demais para A TARDE.
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