Jornal Sénior, quinzenário, publicou-se entre 9 de maio de 2013 e 16 de janeiro de 2014, totalizando 18 edições. Teve diretor Mário Zambujal, e como proprietário a sociedade ProsPerPagina – Edição de Livros e Publicações, Unipessoal, Lda., de Adriano Eliseu.

Última edição:
Ano I / N.º 18 / quinta-feira, 16/01/1014

 

JORNAL SÉNIOR

Quinzenário, estreou-se nas bancas a 9 de Maio de 2013, dois meses depois da segunda manifestação nacional do movimento “Que se Lixe a Troika” contra as últimas medidas de austeridade anunciadas pelo governo de Passos Coelho. O garrote do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, iniciado em finais de 2011, asfixiava a generalidade do país, mas os que dependiam do Estado, como os reformados e pensionistas, foram os mais atingidos

Foi um dos últimos projetos da imprensa portuguesa em papel, opção depois assumida como um “erro”, na medida em que estava em contraciclo com a realidade do setor, que procurava adaptar-se ao boom das novas formas de comunicação e de jornalismo impulsionados pelas novas tecnologias de informação e comunicação (internet, redes sociais, blogs, imprensa online, etc.).

A propriedade do Jornal Sénior era da sociedade ProsPerPagina – Edição de Livros e Publicações, Unipessoal, Lda., de Adriano Eliseu; a direção foi entregue Mário Zambujal, um jornalista ‘sénior’, com uma longa e prestigiada carreira, construída na imprensa (passou, como colaborador ou com funções diretivas, por títulos como Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Século, A Bola, Record, Mundo Desportivo, O Sete, Tal & Qual ou 24 horas, rádio e na televisão, portanto, alguém que acumulara um enorme crédito em profissionalismo, familiaridade e confiança junto de uma parte considerável da população, as «pessoas que levam já décadas a ouvir os parabéns a você», ou seja, os reformados e pensionistas, a quem o jornal era, preferencialmente, dirigido.

Outros elementos da equipa fundadora foram: Maria Assunção Oliveira (edição) e Alexandra Peixinho Abreu (redação) – que Mário Zambujal descreve como as «duas voluntariosas jornalistas», que o convidaram «para apadrinhar, na qualidade de director, o seu projecto de jornalístico» –, Filipa Faustino Arenga (redação), Carla Rodrigues, Humberto Lopes, José Vegar, Leonor Xavier, Manuela Garcia, Marta Martins, Pedro de Freitas e Rui Tovar (colaboradores), Alice Vieira, Leonor Xavier e Luís Filipe Pereira (colunistas), Rogério Martins (fotografia), António Pilar (ilustração), Nelson Costa (direção criativa e design gráfico), Helena de Carvalho (coordenação, Ricardo Lamy (direção comercial), Mário Serra e David do Vale (publicidade).



 

A memória daqueles tempos difíceis ainda não se apagou, mas do Jornal Sénior poucos se lembrarão, não obstante a novidade que título anunciava; o rosto sorridente e ‘familiar’ do diretor no cabeçalho, o seu grafismo cuidado e o colorido das páginas, e o facto de praticar um jornalismo ‘diferente’, em claro contraste com o que era comum, ou seja, alheio aos partidos, às lutas partidárias e às polémicas que diariamente eclodiam na imprensa generalista, e exclusivamente centrado nos problemas dos “seniores” – especialmente, no impacto das medidas de austeridade nas suas condições de vida, mas também na sua saúde, vida sexual, alimentação, os seus interesses e memórias –, além de orientado para a desconstrução da ideia de que os maiores de 65 anos constituíam um “fardo” para o país, tal como os funcionários públicos, os desempregados, os doentes, etc. Portanto, um jornalismo menos noticioso, mais informativo e analítico e, sobretudo, mais humano (ou humanista), desenvolvido através de entrevistas, reportagens, depoimentos e crónicas, onde a crítica e até a denúncia se faziam sem alarde nem personalismos subjetivos.

A despeito do virtuosismo do seu programa, do profissionalismo da maioria dos elementos da equipa que o pôs em prática - muitos a título voluntário, guiados apenas pelo seu sentido de solidariedade para com o outro -, oito meses depois da contagem dos números ter começado, a 16 de Janeiro de 2014, na sua 18.ª edição, o Jornal Sénior despediu-se dos leitores. 

Um adeus que ficou corporizado em três atos: o Editorial “Tive Muito Gosto”, de Mário Zambujal, que afirmou «Escrevo o meu último texto para o Jornal Sénior e gostaria que não coincidisse com o fim de vida deste quinzenário, tal como os leitores o conhecem»; uma “Nota de Redacção”, com a promessa da equipa editorial “de não esquecer este sénior no futuro. Até lá, bem-hajam e muito obrigada”; e um «Comunicado da Gerência», a anunciar “a suspensão”, que foi justificada com as seguintes considerações:

“Bem avisados fomos que não era o momento certo. Que um Jornal em papel não ia resultar. (…)

Fomos surdos e teimosos. Não estamos arrependidos. Conhecemos gente que nunca teríamos conhecido. Apoiámos Instituições que ficámos a admirar. Ouvimos histórias pessoais dramáticas que tentámos suavizar. Fizemos o que gostamos de fazer e o que achamos nosso dever.

O projecto não encontrou a aceitação do grande público a que se destinava, correspondente ao esforço de investimento particular que foi feito. Não tínhamos outro interesse que não fosse o de criar um meio de comunicação que cumprisse uma missão social que julgámos, e continuamos a julgar, importante para o País, para nós. (…)

Não abdicamos da certeza de que faz falta um jornal como este.

Que alguém o faça melhor do que nós e com maior capacidade financeira. Ficaremos atentos a novos projectos nesta área.»

 
                 














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