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Recortes de imprensa:
"Prontuário das Letras: No extremo do humor", por Fernando
Assis Pacheco. República. Sup. Artes e Letras,
1 Junho 1972, p. V.
"Dinossauro Excelentíssimo". Diário de Lisboa.
Sup. Literário, 2 Junho 1972, p. 1.
"Ainda a sátira de José Cardoso Pires", por José Palla e
Carmo. A Capital, Sup. Literatura e Arte, 14 Junho
1972,
pp. 1, 3.
"Dinossauro Caríssimo (crítica com que)", por José Martins
Garcia. República. Sup. Artes e Letras, 13 Julho 1972,
pp. I, III.
"Dinossauro Excelentíssimo de José Cardoso Pires", por
Eduarda Dionísio. Crítica: jornal mensal, n.º 9, Julho
1972. |
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DINOSSAURO
EXCELENTÍSSIMO
José Cardoso Pires, com ilustrações de João Abel Manta
No
República,
por exemplo,
Fernando Assis Pacheco,
depois de
sublinhar a
natureza inédita do
Dinossauro por
comparação com os livros que José Cardoso Pires publicara até
ali, deixando claro que se tratava de
um
livro de humor, foi acrescentando:
"Mas
no extremo. Naquele cimo rarefeito onde o riso, a sátira, o
sarcasmo doem.
Todos
estamos implicados nesta fábula, nesta história cruel e desapie[dosa]
(e,
a estes espaços, prazenteira) do nosso tempo. O «Dinossauro», se
cabe a inconfidência arrancou de uma ideia terna: escrever uma
história de Natal para um[a]
das filhas." A história fora
redigida no Natal de 1969 (ainda em tempo de vida de Salazar),
mas "emperrou", ou seja, ficou à espera de quem alinhasse na
aventura de publicar o livro (editor, tipografia, gráfica) e do
tempo oportuno para o lançar. Quando esse tempo chegou (após o
falecimento de Salazar?), "eis
o «Dinossauro»
forçando o seu caminho. José Cardoso Pires percebe-lhe o
jogo, planta-se diante do bicho e multiplica os expedientes para
derrotá-lo, bani-lo de uma vez por todas da memória."
Em reconhecimento da eficácia
criativa da fábula do
Dinossauro, Assis Pacheco
propôs mesmo a atribuição de "um
título para o escritor:
o de
dinamitador «emmeritus»."
Já no
Suplemento
Literário do
Diário de
Lisboa, optou-se por legitimar
a aventura fabulosa de Cardoso Pires com base no "ditame
célebre que manda passear uma gargalhada em redor de uma
instituição,
passear o riso duas, três vezes, até que a
instituição
dê de si e desabe" e, também, na "nossa nostalgia de riso".
Posto isto, continuam, de "entre
os cronistas possíveis do «Dinossauro»,
apenas
José Cardoso Pires possuía o dom do riso rangente
que
deixa doridos os músculos faciais e muito mais doridos ainda os
alvos escolhidos, para o caso o
«Dinossauro», a sua aura, o seu mito, a sua insubstância."
Sintetizando, dali em diante, ninguém podia mais alegar que
desconhecia a repressão, a manipulação e a mentira que tinham
sustentado a longa ditadura de Salazar, que Marcelo Caetano, o
seu sucessor, se empenhava em manter em versão “soft”: "agora
sabemos como se constroem mitos, como se vive á sombra deles, e
como debaixo deles se morre esmagado. Conhecer é a única arma da
razão."
3/8
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