ALMANAQUE
(1959-1961)
– Com o primeiro número dado à estampa em outubro de 1959, a revista surge pela iniciativa de Joaquim Figueiredo de Magalhães (1916-2008), responsável pelas edições Ulisseia[1], para substituir um outro projeto seu que a PIDE tinha impedido e que dizia respeito ao lançamento de um periódico inspirado na publicação francesa L’Express[2],  intitulado A Semana[3]. A coordenação da equipa de redatores do Almanaque cabe ao escritor José Cardoso Pires (1925-1998), que tinha realizado um estágio em Milão, na revista italiana Epoca[4], com o objetivo de integrar o semanário entretanto abortado[5]. Tirando partido da dispensa da passagem prévia pela censura de que beneficiavam as publicações mensais[6], Joaquim Figueiredo de Magalhães opta por aquela periodicidade e responsabiliza-se perante a PIDE como diretor do Almanaque[7], constando apenas na ficha técnica da publicação o seu nome, assim como o nome do orientador gráfico, Sebastião Rodrigues (1929-1997) – com quem já trabalhara na Ulisseia[8] –, identificando-se também o proprietário, Grupo de Publicações Periódicas, e a oficina onde se realiza a composição e a impressão, Casa Portuguesa.
    

A partir destes pressupostos, José Cardoso Pires delineia o seguinte programa: «A minha ideia era fazer uma revista que não respeitasse ninguém e fosse o mais sacana possível. Se tivéssemos só vinte leitores era uma paródia. E o Magalhães alinhou. Fiz uma redacção que tinha regras como esta: em princípio, os artigos não eram assinados. Em princípio, nenhum artigo podia ser publicado sem ser da responsabilidade de toda a redacção. Foi nesta base que aquilo foi feito. Lembrei-me do Sttau, do O’Neill, do Abelaira, do Zé Cutileiro. Foi a única publicação em Portugal que atacou a Amália. Fartou-se de dar porrada numa data de bonzos. Toda a gente – isto é, as quarenta pessoas do Chiado – dizia mal do Almanaque, porque era snobe e pretensioso, e porque os problemas do país e do povo não eram aqueles. Comeu pela esquerda e pela direita, por todos os lados.» (Pedrosa, 1999: 51).

Com instalações localizadas em Lisboa, no Chiado, mais precisamente na Rua da Misericórdia, N.º 125 – 1.º andar, o ambiente da redação da revista é descrito por um dos seus colaboradores, Vasco Pulido Valente (1941), nos seguintes termos: «Assim que abriu, o Almanaque, estrategicamente situado na Rua da Misericórdia, passou a ser uma espécie de clube, onde as pessoas iam de manhã diluir o álcool da véspera e combinar almoços e, no fim da tarde, se encontravam como num café, para pôr em dia os boatos e as conspirações correntes.» (Oliveira, 2007: 144).

Por sua vez, a oficina Casa Portuguesa situa-se no Bairro Alto, na Rua das Gáveas, N.º 109, próxima da redação e do atelier de Sebastião Rodrigues, funcionando como um laboratório para as experiências e improvisações tipográficas do designer[9], que marcam a qualidade e a excecionalidade do grafismo desta revista no contexto nacional e internacional da época. Como referências para o desenho do Almanaque, os estudiosos do trabalho de Sebastião Rodrigues apontam vários exemplos. Para Robin Fior[10], destaca-se a revista norte-americana Perspectives USA[11], cujo designer era Alvin Lusting. Já José Bártolo[12] também reconhece a importância do nome anterior, acrescentando as revistas Portfolio[13], desenhada por Alexey Brodovitch, alguns números da Graphis[14] e a brasileira Senhor[15].

No entanto, para o diretor Joaquim Figueiredo de Magalhães, o modo de produção da publicação revela alguns problemas: «A grande doença do Almanaque era esta: nunca saía a horas, não por culpa da redação e dos colaboradores, mas por deficiência de execução gráfica da Casa Portuguesa. A redação funcionava lindamente.» (Oliveira, 2007: 144-145).

Mantendo sempre um formato retangular de 24,9 x 17,0 cm, a revista apresenta-se entre outubro de 1959 e maio de 1961, materializando-se em 18 volumes. Em outubro de 1960, o Almanaque anuncia em Edital uma reformulação de conteúdos que se iniciará com o número de dezembro desse ano, verificando-se, a partir dessa data, a publicação esporádica de volumes bimestrais, correspondentes aos meses de dezembro/janeiro e março/abril. Cada publicação mensal regular totaliza habitualmente entre 150 a 192 páginas, às quais acresce um fascículo, de cerca de 30 páginas, referente a obras literárias que vão sendo publicadas parcialmente. Pontualmente, alguns números têm elementos desdobráveis ou separatas[16] que enriquecem a variedade de soluções gráficas exploradas pelo Almanaque. No que diz respeito ao preço, cada volume é vendido pelo valor de 15 escudos, sendo possível ser adquirida uma assinatura semestral, por 75 escudos, ou anual, por 145 escudos.

 

EQUIPA

A equipa de redação dirigida pelo escritor José Cardoso Pires é constituída por: Luís de Sttau Monteiro (1926-1993), escritor e colunista, que publicou novelas e peças teatrais; Alexandre O’Neill (1924-1986), poeta e colunista, que colaborou com vários jornais e programas de televisão, tendo também realizado um percurso profissional na publicidade; Augusto Abelaira (1926-2003), escritor, tradutor, jornalista e professor, destacando-se na literatura pelo trabalho como romancista e dramaturgo; e José Cutileiro (1934), antropólogo, escritor e diplomata. A este grupo inicial juntam-se também Vasco Pulido Valente (1941), cronista, ensaísta e investigador na área de História, e, numa fase posterior da revista, Armando Baptista-Bastos (1934-2017), jornalista, cronista e escritor.

A reformulação de conteúdos que se opera no Almanaque, a partir do número duplo referente a dezembro de 1960/janeiro de 1961, corresponde ao regresso de José Cardoso Pires a Portugal, na sequência de um período curto de exílio, por motivos políticos, em Londres, Paris e no Rio de Janeiro[17]. Para o editor, a sua experiência na revista brasileira Senhor foi decisiva para finalmente pôr em prática o programa do Almanaque[18], que tinha sido tratado até então, na sua perspetiva, de um modo bastante convencional[19]. Assim, entre outras alterações, a responsabilidade coletiva pelo textos escritos sob anonimato – que se usou de um modo mais generalizado, embora não exclusivo, na primeira fase do Almanaque – é complementada com a inclusão de uma secção com a «Biografia dos Participantes» e a ampliação do número de peças escritas assinadas. Após as participações especiais pontuais que irromperam na primeira fase, com António Senna da Silva (1926-2001), arquiteto, designer e fotógrafo, Francisco Lopes Vieira de Almeida (1888-1962), professor e filósofo, e Fernanda Botelho (1926-2007), escritora, juntam-se novas colaborações na segunda fase, entre as quais se destacam: José Leitão de Barros (1896-1967), cineasta, artista, jornalista e professor; Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), poeta e ativista política; Alexandre Pinheiro Torres (1923-1999), escritor, historiador de literatura e crítico literário; Francisco Keil do Amaral (1910-1975), arquiteto; José Sesinando (1923-1995), escritor, crítico literário, ensaísta e tradutor.

No que diz respeito à orientação gráfica, também o número duplo de dezembro de 1960/janeiro de 1961 marca uma mudança, uma vez que, a partir desta altura, Sebastião Rodrigues alarga a equipa e delega trabalho, nos seguintes termos: a direção de arte é partilhada com João Abel Manta (1928), arquiteto, pintor e ilustrador; na categoria de redator-paginador é colocado Manuel Estêvão Pilo da Silva (1932), pintor e ilustrador; e os trabalhos de impressão e composição são acompanhados, respetivamente, por Alejandro Corona e João Miranda. Nesta segunda fase do Almanaque, verifica-se também uma profusão de ilustrações e desenhos da autoria de João Abel Manta, Pilo da Silva, João da Câmara Leme (1930-1983), Paulo Guilherme (1932-2010), Guilherme Casquilho (1930), Luís Filipe de Abreu (1935) e João Rodrigues (1936-1967). Nos trabalhos fotográficos, identificam-se as colaborações com Eduardo Gageiro (1935), Armando Rozário (1932)[20], Mário Novais (1899-1967), João Martins (1898-1972) e o escultor João Cutileiro (1937).

Numa tentativa de fazer um retrato coletivo instantâneo dos protagonistas do Almanaque, à data da primeira publicação, em Outubro de 1959, elencam-se várias características relevantes para a singularidade deste projeto editorial: i) a juventude da equipa – encontrando-se maioritariamente na casa dos 30 anos, sendo que o colaborador mais jovem, Vasco Pulido Valente, tem 17 anos nessa data; ii) o cruzamento de origens sociais distintas – ao contrário dos outros redatores, Alexandre O’Neill e Luís de Sttau Monteiro têm ascendência aristocrática[21], Vasco Pulido Valente é neto do médico, intelectual e opositor ao Estado Novo, Francisco Pulido Valente, e José Cutileiro vem de uma família burguesa alentejana; iii) a experiência de trabalho em jornais – José Cardoso Pires, Alexandre O’Neill e Augusto Abelaira já tinham colaborações de longa data com a imprensa; iv) a diversidade de percursos literários dos redatores – por exemplo, Alexandre O’Neill afasta-se, em 1951, do Grupo Surrealista de Lisboa, que ajudou a fundar em 1947, e o primeiro romance de Augusto Abelaira, de 1959, enquadra-se na estética neorrealista; v) o escasso número de redatores com obras literárias publicadas – apenas José Cardoso Pires e Alexandre O’Neill contam com três títulos já dados à estampa nessa data; vi) o reconhecimento do trabalho realizado anteriormente – Sebastião Rodrigues começa o seu ofício como designer em 1947, obtendo distinções internacionais logo na década de 1950.

Ainda sobre o reconhecimento internacional do trabalho dos protagonistas desta revista, logo após a sua publicação, é importante referir a atenção que a edição suíça Who’s Who in Graphic Design, no ano de 1962, dá a Sebastião Rodrigues, reproduzindo duas capas do Almanaque, e mencionando também o trabalho de outros designers portugueses, onde se inclui João Abel Manta[22].

 

CONTEÚDOS

Em termos gerais, o projeto da revista parte de um olhar humorístico e subversivo que cruza os seguintes formatos editoriais: i) informações de caráter utilitário dos almanaques; ii) conteúdos de arte e cultura; iii) atualidades ilustradas; iv) sátira social.

No que diz respeito ao primeiro formato, «o almanaque é essencialmente um calendário anual, onde se registam as posições dos astros, as fases da lua, as festividades religiosas, os dias de jejum, onde se apresentam previsões sobre as variações climatéricas e onde se referem os trabalhos agrícolas adequados a cada momento, contendo pequenas ilustrações. Outras informações abreviadas, sistematizadas, que cabem também neste modelo, são as cronologias da história universal ou portuguesa, as listas de provérbios ou as regras de higiene.» (Lisboa, 2002: 12). No início da década de 1960, alguns periódicos publicam almanaques como suplementos anuais, entre os quais se encontram o Almanaque do Diário de Notícias[23], o Almanaque do jornal O Século, o Almanaque da Crónica Feminina[24] e o Almanaque da Revista Plateia[25], com vocações distintas, consoante o público a que se destinam. O Almanaque Bertrand e o Almanaque do Porto são outros exemplos populares da época. Por sua vez, na revista dirigida por José Cardoso Pires, encontram-se algumas informações úteis e prognósticos característicos deste formato de publicação, nas secções com os seguintes títulos: «Calendário» (com referências a santos e marés), «Destinos do Mês» (com astrologia e quirologia), «Efemérides» (assinalando acontecimentos importantes do passado), «Flos Sanctorum» (descrevendo a vida de um santo), «Animal do Mês», «Caça», «Pesca» e «Floricultura». Há também rubricas com curiosidades, jogos, anedotas e cartoons que se enquadram também no perfil de um almanaque.

Por sua vez, as secções como a «Mulher do Mês», as «Cartas de Amor Célebres», as «Personalidades», as «Grandes Sagas do Passado» e a «Boémia de Outros Tempos», que dizem respeito às vidas de personagens importantes do passado, podem ser pensadas como fazendo a transição entre os conteúdos históricos, que caracterizam alguns modelos de almanaque, e as revistas dedicadas à arte e à cultura. Entre as publicações contemporâneas desta revista que se dedicam às temáticas culturais, destacam-se a Revista Vértice[26], a Colóquio – Revista de Artes e Letras[27] e a Seara Nova[28]. Retomando o caso do Almanaque, a divulgação de peças literárias e os artigos sobre escritores e livros recentemente publicados surgem habitualmente na rubrica «Armazém das Letras & Diversos», sendo dada atenção à música, particularmente ao jazz, e existindo também uma secção de cinema, que apresenta film-stills, intitulada «O Filme do Mês».

Os artigos sobre destinos distantes, os textos sobre os modos da vida contemporânea noutros países e as reportagens sobre vários aspetos da cultura popular e do entretenimento, incluindo as notícias sobre as celebridades, tanto nacionais como estrangeiras, sempre complementados com imagens fotográficas, fazem a aproximação ao formato das revistas de atualidades ilustradas, de que são exemplo O Século Ilustrado, a Revista Flama, ou mesmo a publicação feminina intitulada Eva Magazine – Jornal da Mulher e do Lar. As secções do Almanaque que podem enquadrar-se neste tipo de conteúdos intitulam-se «Actualidades», «Como se Diverte», «Latitudes da Felicidade» e «Surprise Party» (nesta última, convivem artigos sobre vedetas, receitas culinárias, aperitivos e passatempos).

Vale a pena sublinhar ainda que os vários colaboradores da redação do Almanaque são também presenças assíduas nos periódicos acima mencionados, chegando até a assumir cargos de destaque em alguns deles, assinalando-se, a título de exemplo, os seguintes: Armando Baptista-Bastos torna-se, em 1953, subchefe da redação da revista O Século Ilustrado; Augusto Abelaira é diretor da revista Seara Nova, entre 1968 e 1969; e José Cardoso Pires está à frente da redação da Eva Magazine, em 1949.

No que diz respeito à sátira social, constitui-se como o principal objetivo programático do Almanaque, propondo uma análise crítica do Portugal contemporâneo, através da caracterização exaustiva dos seus lugares e personagens-tipo, em vários artigos, guias ou manuais de comportamento e testes de personalidade. Uma das secções mais relevantes neste âmbito intitula-se «No Reino do Pacheco» e, segundo Armando Baptista-Bastos, foi criada por Alexandre O’Neill e Luís de Sttau Monteiro[29].

A reconfiguração da linha editorial realizada no número duplo referente a dezembro de 1960/janeiro de 1961 pretende alargar o espaço dedicado ao olhar satírico sobre a sociedade portuguesa, cujo duplo simbólico está representado no «Reino do Pacheco». Assim, a dispersão de tópicos existente na primeira fase da revista é substituída por uma unidade temática que, em cada um dos quatro últimos números do Almanaque, se dedica, respectivamente, aos «Prazeres», ao «Lugar-Comum», aos «Monumentos» e à «Noite». Para o efeito contribui decisivamente o reforço da presença de desenhos de autor, inventariando uma galeria de retratos em estreito diálogo com o texto e a abordagem temática. Simultaneamente, nesta segunda fase, assiste-se à diminuição da presença de secções características dos formatos dos almanaques, assim como à redução da cobertura dada à realidade internacional.

 

CUMPLICIDADES

A autoria coletiva resultante dos pressupostos editoriais que a revista Almanaque adotou para ultrapassar as dificuldades impostas pela censura reflete também os vários cruzamentos entre o trabalho individual que os seus colaboradores desenvolviam na época. Um dos casos paradigmáticos dessa cumplicidade criativa gira em torno da figura do «marialva» que é abordada, por exemplo, nas peças intituladas «Feira das Virilidades» (dezembro de 1960/janeiro de 1961), «Fado Antimarialva» (março/abril de 1961) e «A Arte Muda e Surda de Criticar» (maio de 1961). Nesta última referência, assinada por João Abel Manta, o desenhador efetua «crítica literária […] por via plástica», caricaturando a publicação do livro Cartilha do Marialva ou Das Negações Libertinas, de José Cardoso Pires, editado pela Ulisseia em 1960, com capa e arranjo gráfico de Sebastião Rodrigues.

Escrevendo num registo ensaístico, José Cardoso Pires propõe com este livro uma reflexão sobre as raízes históricas e filosóficas dessa figura da sociedade portuguesa que identifica como o «marialva» e que é sumarizada no já citado artigo «Feira das Virilidades», nos seguintes termos: «O machismo ou exibição das fáceis virilidades é um dos artigos de fé da cartilha de todo o marialva – e Marialva aqui sabe-se o que significa: o cidadão de mentalidade retrógrada que faz gala de um “aristocrático” desprezo pelas coisas do Espírito, que tem de Religião uma concepção milagreira e que cultiva uma espécie de snobismo da brutalidade e do terra-a-terra. O homem moderno à portuguesa antiga» (59).  No conjunto de referências que constroem os argumentos do escritor são convocados dois colaboradores da revista: i) o olhar minucioso de João Abel Manta é elogiado através das suas ilustrações críticas, realizadas em 1955, para a Carta de Guia de Casados, de D. Francisco Manuel de Melo[30]; ii) o poema «Fraco Mas Forte» de Alexandre O’Neill, dado à estampa também em 1960, no livro Abandono Vigiado, é transcrito parcialmente para a Cartilha do Marialva.

Finalmente, é fundamental mencionar a célebre série poética de Alexandre O’Neill designada «Divertimento com Sinais Ortográficos», um dos exemplos precursores do concretismo em Portugal, que nasceu na redação do Almanaque, inspirada pelas experiências tipográficas do seu designer[31], e foi publicada no já mencionado Abandono Vigiado, com a seguinte dedicatória: «A Sebastião Rodrigues, que se divertiu a apurar graficamente este divertimento. Ao compositor e aos impressores que colaboraram neste livro».


[1] Fundada em 1948 e comprada pelo grupo Verbo em 1972.
[2] Com o primeiro número datado de 16 de maio de 1953.
[3] Cf. Fior, 2005: 204.

[4] A primeira publicação data de 14 de outubro de 1950 e o último de 25 de janeiro de 1997.
[5] Cf. Pires, 1991: 116.

[6] Cf. Fior, 2005: 204.
[7] Cf. Oliveira, 2007: 144-145.

[8] «Rodrigues desenhou algumas notáveis capas (O Labirinto Branco de Lawrence Durrel ou Um Rapaz da Geórgia de Erskine Caldwell são bons exemplos) para a editora Ulisseia onde Figueiredo Magalhães reuniu um conjunto de notáveis capistas como António Garcia, Câmara Leme ou Paulo Guilherme, o autor da capa de Pela Estrada Fora de Jack Kerouac que Figueiredo de Magalhães, em 1959, escapando à censura, conseguiu fazer editar.» (Bártolo, 2011: 46)
[9] Cf. Fior, 1995: 49.

[10] Cf. Fior, 1995: 49.

[11] Publicada pela primeira vez em 1952, perfazendo 16 números.

[12] Cf. Bártolo, 2011: 46.

[13] Publicada entre 1949 e 1951.

[14] Fundada em 1944.

[15] Publicada entre 1959 e 1964.

[16] Surgem com os seguintes títulos : «Quadro Sinóptico de Tipos Correntes na Fauna do Pacheco» (maio de 1960); «Nova Carta de Guia de Casados» (junho de 1960); «Novíssimo Jogo da Glória do Cidadão Requintado» (dezembro de 1960/janeiro de 1961); «Breve Guia para os Turistas do Interior» (março/abril de 1961); «A Bolsa ou a Noite. Guia para uma Noite Mal Passada» (maio de 1961).
[17] «[…] houve um período em que eu tive de me exilar do País no começo de uma vaga de prisões de intelectuais. Retirei-me do Almanaque e de tudo o mais numa fuga mais ou menos discreta… Londres primeiro, Paris depois e, finalmente o Brasil.» (Pires, 1991: 43).
[18] «No Brasil, ou melhor, no Rio de Janeiro, fiz amizade com Portinari e com Scliar e, através deles, tornei-me colaborador da célebre revista Senhor, dirigida por Nahum Siroski. Colaborador, mas secreto, assinando sob pseudónimo, porque guardava a esperança de poder voltar a Portugal logo que houvesse uma daquelas marés de bonança que sucediam aos vendavais do salazarismo. E houve. Despedi-me dos amigos – Paulo Francis, Clarice Lispector, Ruben Braga, Nara Leão… – e arrisquei. [...] Mas eu trazia novas ideias, a experiência no Senhor tinha-me motivado muitíssimo. Os redactores, Sttau Monteiro, Abelaira, José Cutileiro, O’Neill e Vasco Pulido Valente, aderiram à reestruturação que lhes propus e a revista apareceu nos moldes que a tornaram personalizada.» (Pires, 1991: 44).
[19] «[…] hoje fala-se do Almanaque como uma revista de vanguarda, mas não se esqueça que, no tempo em que ela existiu, o menos que se dizia era que não passava duma coisa snob, cheia de grafismos, irreverências pretensiosas e não sei mais o quê. No entanto o programa era simples: ridicularizar os cosmopolitismos como sinónimos de provincianismos, sacudir os bonzos e demonstrar que a austeridade é uma capa do medo e da ausência de imaginação. Todavia, este programa não foi posto em prática logo de início, porque a revista, como deve estar lembrado, teve uma primeira fase bastante convencional.» (Pires, 1991: 43).
[20] Também trabalhou com a revista brasileira Senhor.
[21] “Da perfeita conjugação dos dois, que eram, aliás, longinquamente aparentados (a avó Maria O’Neill era Infante de La Cerda, tal como Sttau Monteiro), nasceu a divertidíssima secção almanaquesca No Reino do Pacheco e o poema de O’Neill com o mesmo nome […], que incluirá no livro Poemas com Endereço [de 1962]” (Oliveira, 2007: 146).
[22] Cf. Bártolo, Baltazar e Rosa, 2016: 11.

[23] Sebastião Rodrigues desenhou a capa desta publicação para o ano de 1956. (Cf. Bártolo, Baltazar e Rosa, 2016: 11).

[24] A revista Crónica Feminina foi lançada em 1956 e o seu primeiro almanaque data de 1959.

[25] A Plateia – Revista Semanal de Espectáculos foi lançada em 1951.

[26] Fundada em 1945.

[27] Criada em 1959, tendo publicado 71 números até ao final de 1970.

[28] Iniciou a sua publicação em 1921.

[29] «”O O’Neill era colaborador e dava ideias. Foi ele e o Sttau Monteiro quem teve a ideia do Reino do Pacheco, para fazer uma secção da revista. Era uma secção de crítica à sociedade portuguesa, inspirada na personagem do Eça de Queirós. Aquilo era uma redacção muito gira, havia muito uísque.” (B-B)» (Oliveira, 2007: 145).

[30] Cf. Bártolo e Marques, 2016: 25.

[31] Cf. Oliveira, 2007: 146.

 


Referências bibliográficas

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BÁRTOLO, José e MARQUES, Pedro Piedade (2016). João Abel Manta. Matosinhos: Cardume: ESAD – Escola Superior de Arte e Design.

BÁRTOLO, José, BALTAZAR, Maria João, e ROSA, Vasco (2016). Sebastião Rodrigues. Matosinhos: Cardume: ESAD – Escola Superior de Arte e Design.

FIOR, Robin (1995). «Glifo, signo, assinatura, design». In Sebastião Rodrigues: designer. Catálogo de exposição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 46-51.

FIOR, Robin (2005). Sebastião Rodrigues and the development of modern graphic design in Portugal. Tese de doutoramento. University of Reading.

LISBOA, João Luís (2002). «Almanaques». In GALVÃO, Rosa Maria (coord.). Os Sucessores de Zacuto: O Almanaque na Biblioteca Nacional do Séc. XV ao XX. Lisboa: Biblioteca Nacional. 11-23.

OLIVEIRA, Maria Antónia (2007). Alexandre O’Neill. Uma Biografia Literária. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

PEDROSA, Inês (1999). José Cardoso Pires: Fotobiografia. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

PIRES, Daniel (1999). «Almanaque» [verbete]. In Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Séc. XX (1941-1974). Volume II, 1.º Tomo. Lisboa: Grifo – Editores e Livreiros, Lda. 39-44.

PIRES, José Cardoso e PORTELA, Artur (1991). Cardoso Pires por Cardoso Pires. Entrevista de Artur Portela. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

    

    

Lisboa, 01 de Outubro de 2018

Sara Lacerda Campino

 


Nota biográfica: Prepara o Doutoramento em Estudos Portugueses - Estudos de Literatura na FCSH-UNL, integrada no IELT, e é bolseira da FCT (SFRH/BD/130742/2017).
A sua pesquisa foca-se nas poéticas experimentais portuguesas da segunda metade do século XX. É Mestre em Estudos Portugueses - Estudos Literários, pela mesma Faculdade, com a dissertação O Experimentalismo na Obra de Alexandre O'Neill (2012) e tem uma licenciatura em Arquitetura pelo IST-UTL (2004).

       
       
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