A partir destes
pressupostos, José Cardoso Pires delineia o seguinte programa:
«A minha ideia era fazer uma revista que não respeitasse ninguém
e fosse o mais sacana possível. Se tivéssemos só vinte leitores
era uma paródia. E o Magalhães alinhou. Fiz uma redacção que
tinha regras como esta: em princípio, os artigos não eram
assinados. Em princípio, nenhum artigo podia ser publicado sem
ser da responsabilidade de toda a redacção. Foi nesta base que
aquilo foi feito. Lembrei-me do Sttau, do O’Neill, do Abelaira,
do Zé Cutileiro. Foi a única publicação em Portugal que atacou a
Amália. Fartou-se de dar porrada numa data de bonzos. Toda a
gente – isto é, as quarenta pessoas do Chiado – dizia mal do
Almanaque,
porque era snobe e pretensioso, e porque os problemas do país e
do povo não eram aqueles. Comeu pela esquerda e pela direita,
por todos os lados.» (Pedrosa, 1999: 51).
Com instalações
localizadas em Lisboa, no Chiado, mais precisamente na Rua da
Misericórdia, N.º 125 – 1.º andar, o ambiente da redação da
revista é descrito por um dos seus colaboradores, Vasco Pulido
Valente (1941), nos seguintes termos: «Assim que abriu, o
Almanaque, estrategicamente
situado na Rua da Misericórdia, passou a ser uma espécie de
clube, onde as pessoas iam de manhã diluir o álcool da véspera e
combinar almoços e, no fim da tarde, se encontravam como num
café, para pôr em dia os boatos e as conspirações correntes.»
(Oliveira, 2007: 144).
Por sua vez, a oficina
Casa Portuguesa situa-se no Bairro Alto, na Rua das Gáveas, N.º
109, próxima da redação e do
atelier de Sebastião Rodrigues,
funcionando como um laboratório para as experiências e
improvisações tipográficas do
designer[9],
que marcam a qualidade e a excecionalidade do grafismo desta
revista no contexto nacional e internacional da época. Como
referências para o desenho do
Almanaque, os estudiosos do
trabalho de Sebastião Rodrigues apontam vários exemplos. Para
Robin Fior[10],
destaca-se a revista norte-americana
Perspectives USA[11],
cujo
designer
era Alvin Lusting. Já José Bártolo[12]
também reconhece a importância do nome anterior, acrescentando
as revistas
Portfolio[13],
desenhada por Alexey Brodovitch, alguns números da
Graphis[14]
e a brasileira
Senhor[15].
No entanto, para o
diretor Joaquim Figueiredo de Magalhães, o modo de produção da
publicação revela alguns problemas: «A grande doença do
Almanaque era esta: nunca saía
a horas, não por culpa da redação e dos colaboradores, mas por
deficiência de execução gráfica da Casa Portuguesa. A redação
funcionava lindamente.» (Oliveira, 2007: 144-145).
Mantendo sempre um
formato retangular de 24,9 x 17,0 cm, a revista apresenta-se
entre outubro de 1959 e maio de 1961, materializando-se em 18
volumes. Em outubro de 1960, o
Almanaque anuncia
em Edital uma reformulação de conteúdos que se iniciará com o
número de dezembro desse ano, verificando-se, a partir dessa
data, a publicação esporádica de volumes bimestrais,
correspondentes aos meses de dezembro/janeiro e março/abril.
Cada publicação mensal regular totaliza habitualmente entre 150
a 192 páginas, às quais acresce um fascículo, de cerca de 30
páginas, referente a obras literárias que vão sendo publicadas
parcialmente. Pontualmente, alguns números têm elementos
desdobráveis ou separatas[16]
que enriquecem a variedade de soluções gráficas exploradas pelo
Almanaque.
No que diz respeito ao preço, cada volume é vendido pelo valor
de 15 escudos, sendo possível ser adquirida uma assinatura
semestral, por 75 escudos, ou anual, por 145 escudos.
EQUIPA
A equipa de redação dirigida pelo escritor José Cardoso Pires é
constituída por: Luís de Sttau Monteiro (1926-1993), escritor e
colunista, que publicou novelas e peças teatrais; Alexandre
O’Neill (1924-1986), poeta e colunista, que colaborou com vários
jornais e programas de televisão, tendo também realizado um
percurso profissional na publicidade; Augusto Abelaira
(1926-2003), escritor, tradutor, jornalista e professor,
destacando-se na literatura pelo trabalho como romancista e
dramaturgo; e José Cutileiro (1934), antropólogo, escritor e
diplomata. A este grupo inicial juntam-se também Vasco Pulido
Valente (1941), cronista, ensaísta e investigador na área de
História, e, numa fase posterior da revista, Armando
Baptista-Bastos (1934-2017), jornalista, cronista e escritor.
A reformulação de
conteúdos que se opera no
Almanaque,
a partir do número duplo
referente a dezembro de 1960/janeiro de 1961, corresponde ao
regresso de José Cardoso Pires a Portugal, na sequência de um
período curto de exílio, por motivos políticos, em Londres,
Paris e no Rio de Janeiro[17].
Para o editor, a sua experiência na revista brasileira
Senhor foi
decisiva para finalmente pôr em prática o programa do
Almanaque[18],
que tinha sido tratado até então, na sua perspetiva, de um modo
bastante convencional[19].
Assim, entre outras alterações, a responsabilidade coletiva pelo
textos escritos sob anonimato – que se usou de um modo mais
generalizado, embora não exclusivo, na primeira fase do
Almanaque – é complementada com
a inclusão de uma secção com a «Biografia dos Participantes» e a
ampliação do número de peças escritas assinadas. Após as
participações especiais pontuais que irromperam na primeira
fase, com António Senna da Silva (1926-2001), arquiteto,
designer e fotógrafo, Francisco
Lopes Vieira de Almeida (1888-1962), professor e filósofo, e
Fernanda Botelho (1926-2007), escritora, juntam-se novas
colaborações na segunda fase, entre as quais se destacam: José
Leitão de Barros (1896-1967), cineasta, artista, jornalista e
professor; Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), poeta e
ativista política; Alexandre Pinheiro Torres (1923-1999),
escritor, historiador de literatura e crítico literário;
Francisco Keil do Amaral (1910-1975), arquiteto; José Sesinando
(1923-1995), escritor, crítico literário, ensaísta e tradutor.
No que diz respeito à
orientação gráfica, também o número duplo de dezembro de 1960/janeiro
de 1961 marca uma mudança, uma vez que, a partir desta altura,
Sebastião Rodrigues alarga a equipa e delega trabalho, nos
seguintes termos: a direção de arte é partilhada com João Abel
Manta (1928), arquiteto, pintor e ilustrador; na categoria de
redator-paginador é colocado Manuel Estêvão Pilo da Silva
(1932), pintor e ilustrador; e os trabalhos de impressão e
composição são acompanhados, respetivamente, por Alejandro
Corona e João Miranda. Nesta segunda fase do
Almanaque,
verifica-se também uma profusão de ilustrações e desenhos da
autoria de João Abel Manta, Pilo da Silva, João da Câmara Leme
(1930-1983), Paulo Guilherme (1932-2010), Guilherme Casquilho
(1930), Luís Filipe de Abreu (1935) e João Rodrigues
(1936-1967). Nos trabalhos fotográficos, identificam-se as
colaborações com Eduardo Gageiro (1935), Armando Rozário (1932)[20],
Mário Novais (1899-1967), João Martins (1898-1972) e o escultor
João Cutileiro (1937).
Numa tentativa de fazer
um retrato coletivo instantâneo dos protagonistas do
Almanaque, à data
da primeira publicação, em Outubro de 1959, elencam-se várias
características relevantes para a singularidade deste projeto
editorial: i) a juventude da equipa – encontrando-se
maioritariamente na casa dos 30 anos, sendo que o colaborador
mais jovem, Vasco Pulido Valente, tem 17 anos nessa data; ii) o
cruzamento de origens sociais distintas – ao contrário dos
outros redatores, Alexandre O’Neill e Luís de Sttau Monteiro têm
ascendência aristocrática[21],
Vasco Pulido Valente é neto do médico, intelectual e opositor ao
Estado Novo, Francisco Pulido Valente, e José Cutileiro vem de
uma família burguesa alentejana; iii) a experiência de trabalho
em jornais – José Cardoso Pires, Alexandre O’Neill e Augusto
Abelaira já tinham colaborações de longa data com a imprensa; iv)
a diversidade de percursos literários dos redatores – por
exemplo, Alexandre O’Neill afasta-se, em 1951, do Grupo
Surrealista de Lisboa, que ajudou a fundar em 1947, e o primeiro
romance de Augusto Abelaira, de 1959, enquadra-se na estética
neorrealista; v) o escasso número de redatores com obras
literárias publicadas – apenas José Cardoso Pires e Alexandre
O’Neill contam com três títulos já dados à estampa nessa data;
vi) o reconhecimento do trabalho realizado anteriormente –
Sebastião Rodrigues começa o seu ofício como designer em 1947,
obtendo distinções internacionais logo na década de 1950.
Ainda sobre o
reconhecimento internacional do trabalho dos protagonistas desta
revista, logo após a sua publicação, é importante referir a
atenção que a edição suíça
Who’s Who in Graphic Design, no
ano de 1962, dá a Sebastião Rodrigues, reproduzindo duas capas
do Almanaque, e
mencionando também o trabalho de outros
designers portugueses, onde se
inclui João Abel Manta[22].
CONTEÚDOS
Em termos gerais, o projeto da revista parte
de um olhar humorístico e subversivo que cruza os seguintes
formatos editoriais: i) informações de caráter utilitário dos
almanaques; ii) conteúdos de arte e cultura; iii) atualidades
ilustradas; iv) sátira social.
No que diz respeito ao
primeiro formato, «o almanaque é essencialmente um calendário
anual, onde se registam as posições dos astros, as fases da lua,
as festividades religiosas, os dias de jejum, onde se apresentam
previsões sobre as variações climatéricas e onde se referem os
trabalhos agrícolas adequados a cada momento, contendo pequenas
ilustrações. Outras informações abreviadas, sistematizadas, que
cabem também neste modelo, são as cronologias da história
universal ou portuguesa, as listas de provérbios ou as regras de
higiene.» (Lisboa, 2002: 12). No início da década de 1960,
alguns periódicos publicam almanaques como suplementos anuais,
entre os quais se encontram o
Almanaque do Diário de Notícias[23],
o
Almanaque do jornal O Século,
o
Almanaque da Crónica Feminina[24]
e o
Almanaque da Revista Plateia[25],
com vocações distintas, consoante o público a que se destinam. O
Almanaque Bertrand
e o
Almanaque do Porto são outros
exemplos populares da época. Por sua vez, na revista dirigida
por José Cardoso Pires, encontram-se algumas informações úteis e
prognósticos característicos deste formato de publicação, nas
secções com os seguintes títulos: «Calendário» (com referências
a santos e marés), «Destinos do Mês» (com astrologia e
quirologia), «Efemérides» (assinalando acontecimentos
importantes do passado), «Flos Sanctorum» (descrevendo a vida de
um santo), «Animal do Mês», «Caça», «Pesca» e «Floricultura». Há
também rubricas com curiosidades, jogos, anedotas e
cartoons que se enquadram
também no perfil de um almanaque.
Por sua vez, as secções
como a «Mulher do Mês», as «Cartas de Amor Célebres», as
«Personalidades», as «Grandes Sagas do Passado» e a «Boémia de
Outros Tempos», que dizem respeito às vidas de personagens
importantes do passado, podem ser pensadas como fazendo a
transição entre os conteúdos históricos, que caracterizam alguns
modelos de almanaque, e as revistas dedicadas à arte e à
cultura. Entre as publicações contemporâneas desta revista que
se dedicam às temáticas culturais, destacam-se a
Revista Vértice[26],
a
Colóquio – Revista de Artes e Letras[27]
e a
Seara Nova[28].
Retomando o caso do
Almanaque, a divulgação de
peças literárias e os artigos sobre escritores e livros
recentemente publicados surgem habitualmente na rubrica «Armazém
das Letras & Diversos», sendo dada atenção à música,
particularmente ao jazz, e existindo também uma secção de
cinema, que apresenta
film-stills,
intitulada «O Filme do Mês».
Os artigos sobre
destinos distantes, os textos sobre os modos da vida
contemporânea noutros países e as reportagens sobre vários
aspetos da cultura popular e do entretenimento, incluindo as
notícias sobre as celebridades, tanto nacionais como
estrangeiras, sempre complementados com imagens fotográficas,
fazem a aproximação ao formato das revistas de atualidades
ilustradas, de que são exemplo
O Século Ilustrado,
a
Revista Flama,
ou mesmo a publicação feminina intitulada
Eva Magazine – Jornal da Mulher e do Lar.
As secções do
Almanaque
que podem enquadrar-se neste tipo de conteúdos intitulam-se
«Actualidades», «Como se Diverte», «Latitudes da Felicidade» e «Surprise
Party» (nesta última, convivem artigos sobre vedetas, receitas
culinárias, aperitivos e passatempos).
Vale a pena sublinhar
ainda que os vários colaboradores da redação do
Almanaque são também presenças
assíduas nos periódicos acima mencionados, chegando até a
assumir cargos de destaque em alguns deles, assinalando-se, a
título de exemplo, os seguintes: Armando Baptista-Bastos
torna-se, em 1953, subchefe da redação da revista
O
Século Ilustrado; Augusto
Abelaira é diretor da revista
Seara Nova, entre 1968 e 1969;
e José Cardoso Pires está à frente da redação da
Eva
Magazine, em 1949.
No que diz respeito à
sátira social, constitui-se como o principal objetivo
programático do
Almanaque,
propondo uma análise crítica do Portugal contemporâneo, através
da caracterização exaustiva dos seus lugares e personagens-tipo,
em vários artigos, guias ou manuais de comportamento e testes de
personalidade. Uma das secções mais relevantes neste âmbito
intitula-se «No Reino do Pacheco» e, segundo Armando
Baptista-Bastos, foi criada por Alexandre O’Neill e Luís de
Sttau Monteiro[29].
A reconfiguração da
linha editorial realizada no número duplo referente a dezembro
de 1960/janeiro de 1961 pretende alargar o espaço dedicado ao
olhar satírico sobre a sociedade portuguesa, cujo duplo
simbólico está representado no «Reino do Pacheco». Assim, a
dispersão de tópicos existente na primeira fase da revista é
substituída por uma unidade temática que, em cada um dos quatro
últimos números do
Almanaque,
se dedica, respectivamente, aos «Prazeres», ao «Lugar-Comum»,
aos «Monumentos» e à «Noite». Para o efeito contribui
decisivamente o reforço da presença de desenhos de autor,
inventariando uma galeria de retratos em estreito diálogo com o
texto e a abordagem temática. Simultaneamente, nesta segunda
fase, assiste-se à diminuição da presença de secções
características dos formatos dos almanaques, assim como à
redução da cobertura dada à realidade internacional.
CUMPLICIDADES
A autoria coletiva
resultante dos pressupostos editoriais que a revista
Almanaque adotou para
ultrapassar as dificuldades impostas pela censura reflete também
os vários cruzamentos entre o trabalho individual que os seus
colaboradores desenvolviam na época. Um dos casos paradigmáticos
dessa cumplicidade criativa gira em torno da figura do
«marialva» que é abordada, por exemplo, nas peças intituladas
«Feira das Virilidades» (dezembro de 1960/janeiro de 1961),
«Fado Antimarialva» (março/abril de 1961) e «A Arte Muda e Surda
de Criticar» (maio de 1961). Nesta última referência, assinada
por João Abel Manta, o desenhador efetua «crítica literária […]
por via plástica», caricaturando a publicação do livro
Cartilha do Marialva ou Das Negações Libertinas,
de José Cardoso Pires, editado pela Ulisseia em 1960, com capa e
arranjo gráfico de Sebastião Rodrigues.
Escrevendo num registo
ensaístico, José Cardoso Pires propõe com este livro uma
reflexão sobre as raízes históricas e filosóficas dessa figura
da sociedade portuguesa que identifica como o «marialva» e que é
sumarizada no já citado artigo «Feira das Virilidades», nos
seguintes termos: «O machismo ou exibição das fáceis virilidades
é um dos artigos de fé da cartilha de todo o marialva – e
Marialva aqui sabe-se o que
significa: o cidadão de mentalidade retrógrada que faz gala de
um “aristocrático” desprezo pelas coisas do Espírito, que tem de
Religião uma concepção milagreira e que cultiva uma espécie de
snobismo da brutalidade e do terra-a-terra. O homem moderno à
portuguesa antiga» (59).
No
conjunto de referências que constroem os argumentos do escritor
são convocados dois colaboradores da revista: i) o olhar
minucioso de João Abel Manta é elogiado através das suas
ilustrações críticas, realizadas em 1955, para a
Carta de Guia de Casados, de D.
Francisco Manuel de Melo[30];
ii) o poema «Fraco Mas Forte» de Alexandre O’Neill, dado à
estampa também em 1960, no livro
Abandono Vigiado, é transcrito
parcialmente para a
Cartilha do Marialva.
Finalmente, é
fundamental mencionar a célebre série poética de Alexandre
O’Neill designada «Divertimento com Sinais Ortográficos», um dos
exemplos precursores do concretismo em Portugal, que nasceu na
redação do
Almanaque,
inspirada pelas experiências tipográficas do seu
designer[31],
e foi publicada no já mencionado
Abandono Vigiado, com a
seguinte dedicatória: «A Sebastião Rodrigues, que se divertiu a
apurar graficamente este divertimento. Ao compositor e aos
impressores que colaboraram neste livro».
[1]
Fundada em 1948 e comprada pelo grupo Verbo em 1972.
[2]
Com o primeiro número datado de 16 de maio de 1953.
[3]
Cf. Fior, 2005: 204.
[4]
A primeira publicação data de 14 de outubro de 1950 e o
último de 25 de janeiro de 1997.
[5]
Cf. Pires, 1991: 116.
[6]
Cf. Fior, 2005: 204.
[7]
Cf. Oliveira, 2007: 144-145.
[8]
«Rodrigues desenhou algumas notáveis capas (O
Labirinto Branco de Lawrence Durrel ou
Um Rapaz da Geórgia
de Erskine Caldwell são bons exemplos) para a editora
Ulisseia onde Figueiredo Magalhães reuniu um conjunto de
notáveis capistas como António Garcia, Câmara Leme ou Paulo
Guilherme, o autor da capa de
Pela Estrada Fora
de Jack Kerouac que Figueiredo de Magalhães, em 1959,
escapando à censura, conseguiu fazer editar.» (Bártolo,
2011: 46)
[9]
Cf. Fior, 1995: 49.
[11]
Publicada pela primeira vez em 1952, perfazendo 16 números.
[12]
Cf. Bártolo, 2011: 46.
[13]
Publicada entre 1949 e 1951.
[15]
Publicada entre 1959 e 1964.
[16]
Surgem com os seguintes títulos : «Quadro Sinóptico de Tipos
Correntes na Fauna do Pacheco» (maio de 1960); «Nova Carta
de Guia de Casados» (junho de 1960); «Novíssimo Jogo da
Glória do Cidadão Requintado» (dezembro de 1960/janeiro de
1961); «Breve Guia para os Turistas do Interior» (março/abril
de 1961); «A Bolsa ou a Noite. Guia para uma Noite Mal
Passada» (maio de 1961).
[17]
«[…] houve um período em que eu tive
de me exilar do País no começo de uma vaga de prisões de
intelectuais. Retirei-me do
Almanaque e de
tudo o mais numa fuga mais ou menos discreta… Londres
primeiro, Paris depois e, finalmente o Brasil.» (Pires,
1991: 43).
[18]
«No Brasil, ou melhor, no Rio de
Janeiro, fiz amizade com Portinari e com Scliar e, através
deles, tornei-me colaborador da célebre revista
Senhor, dirigida
por Nahum Siroski. Colaborador, mas secreto, assinando sob
pseudónimo, porque guardava a esperança de poder voltar a
Portugal logo que houvesse uma daquelas marés de bonança que
sucediam aos vendavais do salazarismo. E houve. Despedi-me
dos amigos – Paulo Francis, Clarice Lispector, Ruben Braga,
Nara Leão… – e arrisquei. [...] Mas eu trazia novas ideias,
a experiência no
Senhor tinha-me motivado muitíssimo. Os redactores,
Sttau Monteiro, Abelaira, José Cutileiro, O’Neill e Vasco
Pulido Valente, aderiram à reestruturação que lhes propus e
a revista apareceu nos moldes que a tornaram personalizada.»
(Pires, 1991: 44).
[19]
«[…] hoje fala-se do
Almanaque como uma revista de vanguarda, mas não se esqueça que, no
tempo em que ela existiu, o menos que se dizia era que não
passava duma coisa snob, cheia de grafismos, irreverências
pretensiosas e não sei mais o quê. No entanto o programa era
simples: ridicularizar os cosmopolitismos como sinónimos de
provincianismos, sacudir os bonzos e demonstrar que a
austeridade é uma capa do medo e da ausência de imaginação.
Todavia, este programa não foi posto em prática logo de
início, porque a revista, como deve estar lembrado, teve uma
primeira fase bastante convencional.» (Pires, 1991: 43).
[20]
Também trabalhou com a revista brasileira
Senhor.
[21]
“Da perfeita conjugação dos dois, que eram, aliás,
longinquamente aparentados (a avó Maria O’Neill era Infante
de La Cerda, tal como Sttau Monteiro), nasceu a
divertidíssima secção almanaquesca No Reino do Pacheco e o
poema de O’Neill com o mesmo nome […], que incluirá no livro
Poemas com Endereço
[de 1962]” (Oliveira, 2007: 146).
[22]
Cf. Bártolo, Baltazar e Rosa, 2016:
11.
[23]
Sebastião Rodrigues desenhou a capa desta publicação para o
ano de 1956. (Cf. Bártolo, Baltazar e Rosa, 2016: 11).
[24]
A revista Crónica
Feminina foi lançada em 1956 e o seu primeiro almanaque
data de 1959.
[25]
A Plateia – Revista
Semanal de Espectáculos foi lançada em 1951.
[27]
Criada em 1959, tendo publicado 71 números até ao final de
1970.
[28]
Iniciou a sua publicação em 1921.
[29]
«”O O’Neill era colaborador e dava ideias. Foi ele e o Sttau
Monteiro quem teve a ideia do Reino do Pacheco, para fazer
uma secção da revista. Era uma secção de crítica à sociedade
portuguesa, inspirada na personagem do Eça de Queirós.
Aquilo era uma redacção muito gira, havia muito uísque.”
(B-B)» (Oliveira, 2007: 145).
[30]
Cf. Bártolo e Marques, 2016: 25.
[31]
Cf. Oliveira, 2007: 146.
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MARQUES, Pedro Piedade (2016).
João
Abel Manta. Matosinhos:
Cardume: ESAD – Escola Superior de Arte e Design.
BÁRTOLO, José,
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Matosinhos: Cardume: ESAD – Escola Superior de Arte e Design.
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signo, assinatura, design». In
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Catálogo de exposição.
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Tese de doutoramento. University of
Reading.
LISBOA, João Luís
(2002). «Almanaques». In GALVÃO, Rosa Maria (coord.).
Os
Sucessores de Zacuto: O Almanaque na Biblioteca Nacional do Séc.
XV ao XX. Lisboa: Biblioteca
Nacional. 11-23.
OLIVEIRA, Maria Antónia
(2007). Alexandre O’Neill. Uma Biografia Literária.
Lisboa: Publicações Dom Quixote.
PEDROSA, Inês (1999).
José Cardoso Pires: Fotobiografia.
Lisboa: Publicações Dom Quixote.
PIRES, Daniel (1999).
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Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Séc. XX
(1941-1974). Volume II, 1.º
Tomo. Lisboa: Grifo – Editores e Livreiros, Lda. 39-44.
PIRES, José Cardoso e
PORTELA, Artur (1991).
Cardoso Pires por Cardoso Pires. Entrevista de Artur Portela.
Lisboa: Publicações Dom Quixote.
Lisboa, 01 de Outubro de 2018
Sara
Lacerda Campino
Nota biográfica: Prepara o Doutoramento em
Estudos Portugueses - Estudos de Literatura na FCSH-UNL,
integrada no IELT, e é bolseira da FCT (SFRH/BD/130742/2017).
A sua pesquisa foca-se nas poéticas experimentais portuguesas da
segunda metade do século XX. É Mestre em Estudos Portugueses -
Estudos Literários, pela mesma Faculdade, com a dissertação
O Experimentalismo na Obra de Alexandre O'Neill (2012) e
tem uma licenciatura em Arquitetura pelo IST-UTL (2004).
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