Na madrugada de 18 de Março de 1978, um sábado, a Faculdade de Ciências de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica, foi praticamente destruída por um incêndio que atingiu grandes proporções, com elevados danos materiais, embora sem vítimas mortais.

O fogo só foi dado como controlado ao fim de 5 horas de luta. No combate às chamas estiveram envolvidas mais de 5 centenas de bombeiros e cerca de 70 viaturas, de todas as corporações de bombeiros de Lisboa.

O incêndio viria a ser reivindicado por um grupo bombista da extrema-direita que, curiosamente, se autoproclamava: Comandos Operacionais de Defesa da Civilização Ocidental – CODECO. Num telefonema feito para a agência noticiosa ANOP, um tal «Comante Zebra», da CODECO, afirmou que o incêndio fora posto como retaliação à «traição do C.D.S. no governo», ou seja, uma reação à sua participação no II governo constitucional, viabilizado por um acordo de incidência parlamentar P.S./C.D.S (19 de Janeiro), sob liderança de Mário Soares; além disso, exigiam a «libertação dos bombistas» que estavam, por aqueles dias, a ser julgados em tribunal. Ameaçaram mesmo realizar mais acções: «Se o seu julgamento chegar à fase final, iremos continuar a luta armada, destruindo, para já todas as faculdades e escolas.»

Apesar da hora tardia, a maioria dos diários e semanários enviou os seus repórteres para o terreno a fim de darem conta das causas do incêndio; dos factores e níveis de risco inerentes ao edifício, que se sabia ser muito antigo; dos meios acionados para combater as chamas; da evolução do trabalho dos bombeiros para controlar e pôr fim ao incêndio; e para descrever o ambiente geral, recolher as primeiras impressões e comentários sobre a catástrofe e reportar os estragos provocados.

A generalidade dos jornais foi unânime em considerar na conta das causas do incêndio: a antiguidade do edifício e a sua desadequação ao fim a que fora destinado em 1878, sobretudo pelo fator de risco que é inerente aos produtos e equipamentos associados à prática científica; a presença de materiais de fácil combustão, por força das sucessivas ampliações que se foram realizando; a inexistência de um sistema de prevenção e combate ao fogo; e o próprio enquadramento urbano, numa zona residencial e antiga da cidade. Os decisores políticos também saíram chamuscados por acusações de negligência, ausência de visão, de planeamento e de investimento na faculdade e no ensino em geral. Já a reivindicada origem criminosa do incêndio foi, sobretudo, valorizada pelos jornais mais conotados com a esquerda política.  

Assinalando os 40 anos decorridos sobre este episódio, preparámos um dossiê digital com as notícias que circularam na imprensa nos dias subsequentes.

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