No ano em que se assinalam os 50 anos da morte de Delfim Santos (1907-1966), a Hemeroteca associa-se ao ciclo de iniciativas com este dossier digital que reúne a colaboração do autor – professor, filósofo, pedagogo, ensaísta – na imprensa periódica de grande circulação, a partir das existências na coleção da Hemeroteca Municipal de Lisboa.

 

Importa salientar que esta limitação temática impõe, à partida, excluir desta recolha uma parte muito substancial da colaboração de Delfim Santos em revistas e jornais especializados. E são várias dezenas os títulos em que publicou artigos e ensaios, desde que se estreou, com 18 anos, num efémero Diário de Sport, publicado no Porto: mencionem-se A Águia, a Princípio, a Presença, a Litoral, a Variante, a Revista de Portugal,... A lista exaustiva pode ser consultada em Delfiniana : o site de estudos sobre Delfim Santos (www.delfimsantos.org), no separador Obra.

 

Longe de fragilizar o produto que se apresenta, esta opção permite revelar a faceta do dinamizador e promotor cultural, junto de um público indiferenciado. É também demonstrativa de um panorama em que a intelectualidade era ativamente convocada a participar, com textos de opinião, na comunicação social escrita, num processo de democratização da cultura, rompendo com a exclusividade de uma audiência de elites e dirigindo-se ao cidadão comum, interpelando-o, estimulando-o, numa tentativa de o elevar cultural e civicamente. Uma aposta com um final em aberto, nas palavras do próprio Delfim Santos, que afirma em entrevista que, em relação às páginas culturais, “neste momento duvidamos se a sua proliferação tem sido ou não benéfica para a estruturação da mentalidade nacional”. Já quanto ao papel social do jornal, o autor não tem dúvidas: “O jornal fornece-lhes tudo: tema de conversação, assunto para divagação, questão para reflexão, notícias para propagação, notícia para indignação, e ainda produto para comprar, espectáculo para imaginar e tudo o mais que a quotidianidade exige do homem preso ao hoje, sem ontem e sem amanhã.” («O Jornal e a Opinião». Diário de Lisboa, 24 de Março de 1958, pp. 1 e 7).

 

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