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Há precisamente 80 anos, em 16 de Junho de 1934, era inaugurada no
Porto, no Palácio de Cristal, a 1.ª Exposição Colonial
Portuguesa. Seguindo o modelo de exposições congéneres em
Marselha (1922), Antuérpia (1930) e Paris (1931), o regime
pretendia, com este "primeiro grande acto de propaganda colonial
na metrópole", apresentar as suas realizações no vasto
império pluricontinental.
Como diretor técnico, foi nomeado Henrique Galvão,
militar experiente em assuntos coloniais, diretor das Feiras de
Amostras Coloniais, e que nessa condição representara
Portugal na Exposição Colonial de Paris, em 1931. Dirigia, desde
Março do mesmo ano, a revista Portugal Colonial, e viria a ser, na
Exposição do Mundo Português, em 1940, responsável pela secção
colonial. Tudo isto, claro, antes de se tornar num dos
dissidentes mais mediáticos do regime. Discursando no Palácio da
Bolsa (então Palácio das Colónias), Galvão terá afirmado: "os
homens da minha geração vieram ao Mundo dentro de um país
pequeno. Felizmente vê-se que pretendem morrer dentro dum
império". Esta ideia, de resto, serviu de mote ao famoso mapa
"Portugal não é um país pequeno", (ver
aqui) concebido por Galvão no
âmbito da Exposição e amplamente divulgado pelo Secretariado de
Propaganda Nacional nos anos seguintes.
No recinto da exposição reproduziram-se aldeias indígenas das
várias colónias, construiu-se um parque zoológico com animais
exóticos, edificaram-se réplicas de monumentos ultramarinos,
divulgou-se a gastronomia, enquanto centenas de expositores da
metrópole e das colónias atestavam o dinamismo empresarial do
Império.
Para assinalar esta data, a Hemeroteca Municipal de Lisboa preparou um
pacote digital que reúne importantes fontes para a história do
colonialismo português. Para começar, o boletim Ultramar:
órgão oficial da I Exposição Colonial, dirigido por Henrique
Galvão, e publicado entre 1 de Fevereiro e 15 de Outubro de
1934, num total de 18 números, cujos primeiros 17 ficam
disponíveis
aqui, juntamente com a respetiva ficha histórica, da autoria
de Pedro Teixeira Mesquita (aqui).
Disponibilizamos ainda, na secção Raridades bibliográficas, o
Álbum-catálogo oficial da Exposição,
aqui.
A
Exposição Colonial do Porto foi ainda objeto de um número
especial do Boletim Geral das Colónias (n.º 109, de Julho
de 1934), a cuja cópia digital, disponibilizada na página do
projeto Memórias de África e do Oriente, pode aceder
aqui.
Contemporânea do certame foi a Portugal Colonial:
revista de propaganda e expansão colonial, também dirigida
por Galvão, e que cobre o período de Março de 1931 a Fevereiro
de 1937, num total de 72 números, e que fica agora disponível
aqui, acompanhada por um estudo de Rita Correia (aqui).
Dos últimos anos da I República, disponibilizamos a Gazeta
das Colónias: semanário de propaganda e defesa das colónias.
Publicada entre Junho de 1924 e Novembro de 1926, teve como
editor Oliveira Tavares e como diretor Maximino Abranches. A
nossa coleção, com algumas falhas, fica acessível
aqui, com ficha histórica de Pedro
Teixeira Mesquita (aqui).
Para finalizar, o Diário Popular dedicado ao Ultramar
Português, acessível
aqui. Datado de 1961, este álbum de celebração das
realizações do regime surge já em contra-corrente face aos
movimentos de independência que despertam um pouco por todo o
Império e à condenação internacional do colonialismo. É o
reflexo de um Portugal "orgulhosamente só" que despenderia a
década seguinte na defesa destes territórios. |
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