Revista fundada a 5 de fevereiro de 1937, como fonte de informação da Juventude Escolar Católica, autointitulando-se como “jornal ilustrado de actualidades”. Era dirigida, em 1974, por António dos Reis, que começara como
repórter do Novidades. Contava, na época, com Edite Soeiro (chefe de redação), Carlos Cascais e António Amorim (subchefes de redação), para além de António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais, Dionísio Domingos, António Xavier, António Vidal e Carlos Gil, estes três últimos fotógrafos de reportagem, precisamente a equipa que assinou a principal peça jornalística dos acontecimentos, composta na rua Rodrigues Sampaio (50), em Lisboa. No número de 17 de Maio, é apresentado um novo Conselho de Redação, constituído por Alexandre Manuel, António Amorim e António Xavier. A revista tinha atingido a sua maior tiragem, no início destes anos 70, com 30 mil exemplares e privilegiando os assuntos políticos importantes, ao mesmo tempo que dava destaque às figuras do mundo do espetáculo, em páginas muito ilustradas. De vez em quando, tentava transgredir e passar ao crivo da Censura. O seu diretor preocupava-se, essencialmente, com a parte administrativa e com o tema e a imagem de capa. Ora, precisamente, chegados ao “virar da página” (Flama, 3 de Maio de 1974), nos três números posteriores ao 25 de Abril (3/10/17 de maio) outras tantas capas sugestivas. Na primeira, a chaimite é o centro das atenções, e o povo à volta, tal como na edição seguinte, mas onde os protagonistas centrais são outros, Mário Soares e Álvaro Cunhal. No número seguinte, as “Três Marias” [Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa] suspiravam pelo “fim de um escândalo” que abalara a sociedade por causa do livro Novas Cartas Portuguesas (Flama, 17 de maio de 1974). Regina Louro e António Xavier fizeram a reportagem. Nas primeiras páginas da Flama, em Liberdade, há notícias sobre a libertação das mulheres e, também, sobre as dificuldades agrestes que assolavam os agricultores portugueses. Reportagens que já estavam escritas antes da mudança, pelo menos iniciadas. Esta mudança, porém, devolveu o sorriso a muitos portugueses, expresso nos textos e fotos das horas desse dia sem fim – “Dá resultado… vê-se na sua cara!”. Não, este não é o slogan do 25 de Abril, mas podia ser! É, tão-somente, o anúncio do creme anti-rugas que acompanha a coluna do primeiro editorial em Liberdade. Mas, efetivamente o “virar a página”, de que esse editorial nos fala, devolveu aos portugueses a esperança e um novo ar nos rostos. Na Flama, lemos um dos mais expressivos conjuntos de reportagens dos novos tempos da imprensa nacional, nas páginas e separatas dedicadas ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio. Dos tempos que não deixaram espaço a uma mudança não revolucionária, tal como foi o fim desta revista (2 de setembro de 1976), provocada por decisão da administração, dois anos depois, sem margem para a redação ainda se organizar para mais um número, na senda do que se passava noutros casos, em que quando uma publicação era suspensa eram os seus jornalistas que comunicavam o fim aos leitores.

Jorge Mangorrinha
Hemeroteca Municipal de Lisboa

 
     
  Números disponibilizados na Hemeroteca Digital: 1365 (3 de Mai. 1974) a 1367 (17 de Mai. 1974)