50 ANOS DO SISMO DE 28 DE FEVEREIRO DE 1969

Segundo o comunicado do Serviço Meteorológico Nacional (que antecedeu o Instituto Português do Mar e da Atmosfera) emitido a 28 de fevereiro de 1969 “foi registado um sismo nas estações sismográficas de Coimbra e Lisboa, com início às 3h 41m 41,5s [e] 3h 41m 20,2s, respetivamente, e com o epicentro a cerca de 230 km a SW de Lisboa. A magnitude do sismo é de 7,3 na escala de Richter, tendo sido sentido com o grau VI-VII da escala Mercalli modificada (MM56) em Lisboa e noutras localidades do continente”. O epicentro foi posteriormente determinado como (36.01º N, 10.57º W) e foi-lhe atribuída a magnitude Ms=7.9 e a magnitude Mw=8.0 após integração dos dados provenientes da rede sísmica internacional. A profundidade focal estima-se entre 22 a 33 km, segundo os autores. Tratou-se do sismo de maior magnitude ocorrido em Portugal e na Europa desde 1900 até à atualidade.

O sismo provocou alarme e pânico entre a população, cortes nas telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica. Registaram-se 13 vítimas mortais em Portugal Continental, 2 como consequência direta do sismo, e 11 indiretas. Em Espanha e Marrocos estão igualmente reportadas algumas vítimas. A maior intensidade (VIII) foi observada no Algarve, sendo atribuída a Lisboa uma intensidade VI. Foi sentido até 1,300 km do epicentro, particularmente em Bordéus, e nas Canárias. Os efeitos do sismo em Lisboa, Algarve e por todo o País encontram-se bem patentes nas páginas dos jornais publicados na época e reproduzidos neste dossier digital.

O sismo de 1969 gerou um pequeno tsunami que foi observado em diversos marégrafos localizados ao longo das costas portuguesas, espanholas e marroquinas, tendo passado praticamente desapercebido pela população dada a hora da sua ocorrência.

Um fenómeno curioso, que recebeu destaque na cobertura noticiosa, tem a ver com as observações efetuadas em 2 navios que navegavam próximo da região epicentral na altura da ocorrência do sismo. As ondas sísmicas então geradas, propagando-se também na água, atingem os navios com muita violência, causando surpresa e alarme.

Portugal encontra-se numa região onde não é frequente a ocorrência de grandes sismos, mas os que ocorrem podem ter uma magnitude elevada. Na Europa os 2 sismos de maior magnitude desde o ano 1000 foram gerados ao largo de Portugal, a 1/11/1755 e a 28/2/1969. Dada a pouca frequência destes eventos, é necessário que a informação relativa a este perigo seja passada de geração em geração de forma a que não se esqueçam e se reforcem as medidas de mitigação adequadas.


J. M. Miranda e F. Carrilho, IPMA


 

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FICHA TÉCNICA

O SISMO DE 1969 NA IMPRENSA PORTUGUESA
 | Coordenação do projeto, conceito e webdesign: João Carlos Oliveira | Pesquisa de conteúdos: Luís Matias | Textos: J. M. Miranda e F. Carrilho (IPMA) | Digitalização e tratamento de imagem: Anabela Ferreira e Joaquina Cunha 
       
Imagem do cabeçalho: registo do sismógrafo do Gabinete da Ponte sobre o Tejo (Diário de Notícias, 1 de março de 1969) 
       
       

              

       
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