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col.
Emílio Ricon Peres |
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Em 22 de Julho de 1916 concretizou-se o milagre de Tancos. Em
tempo record, o ministro da Guerra,
Norton de Matos,
reúne, organiza e prepara um contingente de 30 000 homens para a
participação de Portugal na
Primeira Grande Guerra. Em Janeiro do ano
seguinte dá-se início ao embarque das tropas.
'Que nome poderei eu dar aos simpáticos soldadinhos, àqueles
trigueiraços que das oito províncias de Portugal acorreram de
mochila às costas, sem faltar ao embarque para honra dos seus
batalhões? Nem «serrano», nem «lanzudo», nem «gambúzio», nem «folgadinho».
Baptizá-lo hei, muito simplesmente, com o nome de «João Ninguem»,
incarnando assim, nesta modesta alcunha, aquele português que
nas horas difíceis tudo faz para maior glória da Pátria e a quem
muitos esqueceram, chegada a hora dos benefícios e compensações'.
É desta forma que o capitão do Exército
Menezes Ferreira
(Lisboa, 1889-1936), autor dos textos e desenhos produzidos
entre 1917 e 1919 e editados em 1921 nas Oficinas dos Serviços
Gráficos do Exército, nos introduz o protagonista desta
história. Mais do que a coragem e a bravura, este autêntico
diário da presença portuguesa na Guerra retrata, de uma forma
bem humorada, a ingenuidade e a impreparação destes conterrâneos
arrancados bruscamente à pacatez da vida civil, a falta de
recursos, a fome, o frio, o cansaço, mas também o confronto com
outras culturas europeias presentes na Flandres.
Menezes Ferreira
fala-nos com a propriedade de quem conheceu a guerra por dentro:
integrou a primeira força expedicionária enviada para Angola,
participou na batalha de Naulila, acompanhou a preparação do
Corpo expedicionária Português e a sua integração na frente de
guerra europeia, participou na reorganização das tropas
portuguesas após a batalha de La Lys.
João Carlos
Oliveira | Lisboa, HML, julho 2014
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