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col.
Biblioteca-Museu República e Resistência |
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“Fiz parte da missão
de artilharia que em dezembro de 1916 partiu para França.
Dissolvida esta, passei para a segunda bataria do grupo de
obuses, que depois passou a ser a 4.ª bataria do 2.º G. B. A.
Dissolvido este, após o 9 de abril, pertenci à 3.ª bataria do
6.º G. B. A. e a esta bataria pertencia quando, em março de
1919, regressei a Portugal.”
É desta forma que o
autor, Nuno Álvaro Brandão Antunes, capitão de Artilharia,
resume a sua passagem pelo conflito europeu. No entanto, é em
torno da sua ação em 1923 que devemos compreender este livro.
No livro A
minha vida, escrito em 1919, o Marechal de Hindemburgo
(político e militar alemão, com um papel importante durante a I
Guerra Mundial, e eleito, em 1925, presidente da Alemanha)
afirma, acerca da batalha do Lys : “As tropas portuguezas
abandonaram, na maior parte, o campo de batalha numa fuga louca
deixando aos seus aliados o cuidado de nos combater”.
É contra este “labéu
de cobardes” lançado sobre as tropas portuguesas que o autor se
insurge, numa extensa carta datada de 20 de Novembro de 1923 ao
Marechal de Hindemburgo. Portugal na Grande Guerra,
editado em 1924, gira em torno da carta, datada de 20 de
Novembro de 1923 e tornada pública no jornal O Mundo de 9
de Fevereiro de 1924: contextualiza-a, justifica-a, apresenta-a
expurgada dos erros da edição no jornal, bem como reproduz a
resposta do Marechal e várias cartas de outros militares em
louvor a esta ação.
Na sequência
deste episódio, Brandão Antunes foi condecorado, em 1925, com a
Medalha Militar de Bons Serviços. Lê-se ainda, na
Bibliografia portuguesa da Grande Guerra,
de José Brandão, que “A carta autógrafa do Marechal de
Hindemburgo foi pelo Cap. Antunes entregue ao Ministro da Guerra
no dia 9 de Abril de 1925, junto do túmulo dos Soldados
Desconhecidos, com destino ao Arquivo Histórico Militar. Dessa
carta foram feitas traduções para francês, italiano e inglês, em
pergaminho, que figuram num quadro (custeado, conforme idea do
Cap. Antunes, pelos oficiais da arma de Artilharia) e que está
exposto junto ao mesmo túmulo.”
João Carlos Oliveira | Lisboa,
HML, setembro 2016
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