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col.
Hemeroteca Municipal de Lisboa
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ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA
(Lisboa, 1903-1923). Revista de “grande informação” com primazia
de conteúdos gráficos, não podia a Ilustração Portuguesa
deixar de acompanhar a par e passo a evolução da Grande Guerra
com assinalável riqueza documental. Foi assim para a
generalidade do conflito, noticiado e ilustrado nas páginas
deste órgão desde Julho de 1914 até ao seu término, comentado na
“Crónica” de Júlio Dantas e, depois, de Mário de Almeida,
invocado em ambiências bélicas nas páginas literárias que o
integravam (contando-se entre elas uma peça de Mário de
Sá-Carneiro, no n.º 513), e profusamente ilustrado em fotos e
gravuras nas rúbricas “A Europa em Guerra” e, depois, “O Velho
Mundo em Guerra”, que ocuparam grande parte de cada um dos
exemplares dos anos 1914-1918.
Tiveram também amplo destaque
aspetos colaterais às movimentações bélicas, como a
reprodução de gravuras satíricas que se publicavam em órgãos
estrangeiros, as reportagens sobre as cidades palco de recontros
militares, ou a iniciativa humanitária promovida pelo jornal
O Século em apoio aos feridos de guerra.
Com relação à
participação militar portuguesa no contexto da guerra, a
Ilustração Portuguesa acompanhou detalhadamente o ciclo do
envolvimento nacional, num testemunho que vale, sobretudo, pela
riqueza documental iconográfica: em agosto de 1914 fez
reportagem das manifestações populares de apoio aos aliados e
noticiou com destaque a sessão parlamentar de dia 7 (n.º 443),
passando em seguida a publicar dados sobre os preparativos das
expedições africanas (n.º 444, 446) e documentando a partida dos
contingentes com fotos de Benoliel (v. g., n.º 447, 448,
451, 460); os exercícios militares no Polígono de Vendas Novas
foram reportados em imagens do amador J. J. Telheiro (n.º 455);
as operações militares em África (particularmente no sul de
Angola) ou o quotidiano das guarnições foram documentados com
fotografias de amadores civis ou militares (n.º 458, 464, 466 a
470, etc.) ao longo de 1915. Nos primeiros meses de 1916
decresceram as reportagens africanas, compensando-se a partir de
março (declaração de guerra) com o acompanhamento do
envolvimento português crescente na guerra europeia, na
secção “Portugal na Guerra”: foram várias as reportagens
sobre a mobilização militar nacional, os meios bélicos
disponíveis (n.º 527 a 530 e seguintes) e os exercícios
militares (n.º 540), culminando nos “dossiers” constantes sobre
a preparação de forças em Tancos (n.º 541 a 564), em fotos de
Benoliel autorizadas pelo ministro da
guerra e com reprodução interdita. As campanhas africanas de
Porto Amélia, Kionga, Quelimane e do Rovuma foram reportadas com
imagens (n.º 550, 558 e 565). Em 1917, não deixando a
Ilustração de dar testemunho das evoluções militares em
África (v. g., n.º 568), o grande destaque foi
dado, naturalmente, à partida do CEP para França (n.º 572,
575 e seguintes) e à sua chegada (v. g., n.º 580 e
586), a que se seguiu, em 1918 — através do serviço fotográfico
do Exército —, o acompanhamento das tropas portuguesas na
frente (v. g., n.º 620, 622, 631).
Os ecos da guerra
continuaram a ser reportados pela Ilustração em 1919,
noticiando, por exemplo, o regresso de soldados portugueses
presos na Alemanha (n.º 676), cujo cativeiro havia já sido
documentado em julho de 1918 (n.º 647). Para saber mais
sobre esta publicação, ler, na íntegra, a respetiva ficha
histórica.
Pedro Teixeira Mesquita | Lisboa, HML,
28 de julho de 2014
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