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Recortes de imprensa:
«Prémio Literário Europeu: Sousa Lara corta nome de Saramago».
Público, 25 de Abril de 1992, p. 32
«Saramago ao “La Stampa” sobre exclusão do Prémio Literário
Europeu: ”É o regresso à inquisição”». Público, 30 de
Abril de 1992, p. 39
«Pequena política», por Torcato Sepúlveda. Público, 30
de Abril de 1992, p. 12
«Saramago e a decisão de Sousa Lara: “Ainda acabo por me ir
embora”», entrevista com Clara Ferreira Alves. Expresso,
2 de Maio de 92, p. 13
«O Fariseu Torquemada Saramago». O Diabo, 5 de Maio de
1992, p. 32
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O EVANGELHO
SEGUNDO JESUS CRISTO
José Saramago
O “caso” Saramago só ganhou a
dimensão de polémica graúda
a partir de Abril, quando o
Público fez notícia da decisão do
sub-secretário de estado da cultura, Sousa Lara, de afastar José
Saramago da “corrida” ao Prémio Literário Europeu.
Tendo em conta o inegável sucesso de Saramago enquanto escritor,
o jornalista Torcato Sepúlveda, do
Público, quis saber as razões
subjacentes à decisão de Sousa Lara, ao que este respondeu: «Esta
minha atitude nada tem a ver com estratégias de vendas, nem
sequer com opções literárias. E muito menos com as escolhas
políticas de Saramago. Não entrou em linha de conta o facto de
ele ser comunista ou pertencer à Frente Nacional para a Defesa
da Cultura.»; era uma questão pessoal
e moral: «como governante, não me pediram um julgamento sobre a
obra inteira de Saramago, mas sobre este livro.
Ora, há
questões pessoais que me modelam, às quais não me oponho por
questões de consciência pessoal».
Aparentemente, a notícia
apanhou de surpresa Saramago, que não quis prestar declarações.
Fê-lo uns dias depois, numa entrevista para o jornal italiano
La
Stampa, como avançou o
Público,
na 5.ª feira,
30 de Abril: «É
a vitória da prepotência. O triunfo da arrogância de quem tem o
poder de tomar decisões em campos onde não é chamado. É o
regresso à inquisição.»
No fim-de-semana, no semanário
Expresso,
Clara Ferreira Alves partilhou com os leitores a conversa tida
com José Saramago, dando testemunho do quanto ele se sentia
cansado e magoado com o que se estava a passar, a ponto de
desabafar: «Ainda acabo por me ir embora.»
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