col. Biblioteca-Museu República e Resistência

O VIROSCAS (Caldas da Rainha, 1914-1915). Semanário editado em 27 números, de 11 de outubro de 1914 a 11 de abril de 1915, na então vila termal, em plena I República, em cujo primeiro número refere ser um semanário imparcial com pretensões a humorístico. É, provavelmente, o único jornal caldense integralmente de tom satírico, e pelos seus seis meses de existência desfila o quotidiano caldense da época. No ano em que saía O Viroscas, o desenhador Christiano Cruz apelava no jornal República: “Não façamos crítica, façamos arte!”. No mesmo ano, este último periódico publica uma entrevista com outro autor satírico, Hipólito Collomb, referindo este que: “A política é o maior e mais perigoso mal dos que enfermam a sociedade portuguesa”, logo o humor político corrige-a. Ainda nesse ano, Stuart Carvalhais regressa de Paris, habilitado de novas experiências estéticas no campo da arte e do humor.

Assim sendo, é num ano de importantes marcos no Grupo de Humoristas mais conhecido da imprensa nacional da época que surge O Viroscas, quando, no centro da Europa, se precipitava a
cadeia de acontecimentos que fizeram parte do desencadeamento do conflito: desde o assassinato do herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro (28 de junho de 1914), à declaração de guerra do Império Austro-Húngaro à Sérvia (27 de julho); à declaração de guerra da Alemanha à Rússia (1 de agosto), que tinha reagido em favor da Sérvia, e, depois, à França; e à declaração de guerra da Inglaterra à Alemanha (4 de agosto); em pouco tempo, o conflito disseminou-se, também, para fora da Europa, com o envolvimento do Japão e da Turquia e as disputas territoriais em África. Em Outubro, numa vila em que a frequência de aquistas e veraneantes era intensa e fazia desta estância um lugar cosmopolita às escalas nacional e ibérica, o humor era possível. Na edição de 14 de março de 1915, a propósito da iniciativa da Sociedade Propaganda de Portugal, junto das localidades com termas e praias, para que estas recebessem estrangeiros de países afectados com a Grande Guerra e apresentassem as carências urbanas, o editorial refere a importância termal das Caldas para fazer da vila “um ponto de reunião para todos os estrangeiros que possam vir a Portugal”. Para saber mais sobre esta publicação, ler, na íntegra, a respetiva ficha histórica.

Jorge Mangorrinha | Lisboa, HML, julho de 2014