Efemérides | Cinquentenário das Eleições Presidenciais de 1958
 
 



 

 

 


Maio de 1958. Por sugestão de Henrique Galvão a António Sérgio, Humberto Delgado (HD) aparece como “candidato independente” às eleições presidenciais. A oposição ao Estado Novo reage na altura com cautela e sem grande entusiasmo. Mas numa conferência de imprensa em Lisboa, no café Chave de Ouro, HD surpreenderá tudo e todos com o célebre “obviamente demito-o”, respondendo assim a uma pergunta de um jornalista estrangeiro sobre o destino a dar ao Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, caso fosse eleito. A candidatura de HD terá a partir daqui um grande impacto, nacional e internacional, para espanto dos analistas políticos da época. E o regime tremerá como nunca. Também por isso, o controlo sobre os jornais aumenta, numa tentativa quase sempre bem sucedida de menorizar o sucesso da campanha delgadista.

O jornal
República
, dos mais censurados, resiste com o que pode. Desde logo, com a publicação, no dia 8 de Maio, da Proclamação de Abertura do General Humberto Delgado – A Todos os Portugueses da Metrópole e do Ultramar, onde HD expõe as razões da sua candidatura, ou de entrevistas a HD; depois, com a cobertura jornalística propriamente dita, onde é notório um tratamento favorável ao “candidato independente”, até para “compensar” o dos grandes diários lisboetas ligados ao regime; depois ainda com longos artigos sobre o posicionamento político do jornal, como Tudo pela Liberdade – o pensamento deste jornal frente ao Estado Novo e às próximas eleições presidenciais, entre outros, ou, na mesma linha, com a publicação de depoimentos de apoio ao General Sem Medo, de figuras como Mário de Azevedo Gomes, Rolão Preto, António José Saraiva, Carlos Olavo, Cunha Leal, Sequeira Zilhão, Jaime Cortesão, Luís de Almeida Braga, Barbosa de Magalhães e Vieira de Almeida; por último, ajudando com a reprodução de diversos comunicados dos serviços de candidatura de HD ou com notícias detalhadas sobre as conferências de imprensa e as sessões de propaganda. Houve até espaço para um longo ensaio de Cunha Leal, intitulado Reflexões sobre o problema das eleições presidenciais, que ocupou quase 3 páginas da edição de 12 de Maio de 1958.

Para saber mais sobre HD aceda aqui à sua biografia. Para conhecer o programa conjunto que a Direcção Municipal de Cultura da CML organizou para assinalar o Cinquentenário das Eleições Presidenciais de 1958, clique aqui. Na Internet encontra diversos sítios com informação relevante sobre HD.

 


 

 

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