“Semanário popular” regional, fundado a 25 de Outubro de 1958 por António de Jesus, sucessivamente dirigido por Conceição e Silva (1960-1961), Domiciano Valente (1961), Domingos Janeiro (1961-1963) e Orlando Gonçalves (1963-1994). Tornou-se, sob a direção deste último, um dos mais influentes periódicos de oposição ao Estado Novo, ganhando projeção nacional e conhecendo mesmo uma ampla difusão entre as comunidades de opositores exilados — o que valeu ao seu responsável a proibição de figurar publicamente como tal, várias detenções (da última das quais foi libertado na sequência do 25 de Abril), a suspensão do jornal em 1967 e o assalto às suas instalações pela PIDE, já em 1974. Entre 1958 e 1974 a censura mutilou 2776 peças destinadas às suas páginas, sendo o autor mais visado o seu próprio diretor. Colaboraram neste periódico, entre mais de mil redatores e colaboradores, A. H. de Oliveira Marques, Adelino Gomes, Afonso Cautela, Afonso Praça, José Freire Antunes, Fernando Dacosta, Antunes da Silva, Joaquim Benite, Alice Nicolau, Manuel João Gomes, Raul Calado, Tito Lívio, Lauro António e, na área artística, o caricaturista Sam (Samuel Azavey Torres de Carvalho), que nele estreou o seu “guarda Ricardo” em 1971. Em abril de 1974 era seu diretor nominal Carlos Carvalhas, sendo Orlando Gonçalves o “coordenador geral” e João Paulo Guerra o chefe da redação, composta por Arlindo Mota, Blasco Hugo Fernandes, Calano Pereira, Correia da Fonseca, Helena Neves, Muradali Mamadhusen, Orlando César e Sérgio Ribeiro. A primeira edição publicada após a Revolução, a 27 de abril (reduzida a 12 páginas), foi quase omissa em relação ao movimento libertador: apenas uma coluna na primeira página fez, em tom cauteloso, um resumo dos acontecimentos, contrastando com o último parágrafo, acrescentado em negrito, onde em “Última notícia” se exulta que “O Governo Caiu!”. A explicação, dada nessa mesma coluna, para a ausência de uma maior cobertura, foi que “dada a antecedência com que é composto e impresso o Notícias da Amadora, não nos é possível neste número adiantar mais pormenores”. Para compensar, no dia 30 seguinte foi publicado um suplemento de 4 páginas ao número anterior, integralmente dedicado à nova situação do país, com ampla informação sobre os sucessos e as perspetivas do momento, encerrando com o mote “o povo unido jamais será vencido”. A mesma frase que serviu de abertura ao exemplar de 4 de maio (8 páginas), também todo ele versando os temas nacionais do momento, e em cujo primeiro título se lê “Começou o futuro”. Prosseguindo sob a direção de Orlando Gonçalves até 1994, o Notícias da Amadora cessou a sua edição em papel em 2007, por dificuldades financeiras, continuando a publicar-se em versão online

Pedro Teixeira Mesquita
Hemeroteca Municipal de Lisboa

 
     
  Números disponibilizados na Hemeroteca Digital: 658 (27 Abr. 1974) a 659 (4 Mai. 1974)