Apregoado pela primeira vez a 7 de abril de 1921, manteve-se até 30 de novembro de 1990. A iniciativa coube ao banqueiro António Vieira Pinto, mas uns meses depois o jornal passou a ser propriedade da Renascença Gráfica, Lda. Joaquim Manso, um dos acionistas, assumiu a direção e manteve-a até 1956. Este título nasceu sob o signo das liberdades ameaçadas e pouco depois estranguladas pelo regime ditatorial do Estado Novo. Nunca lhe mereceu simpatia, pelo contrário. O Diário de Lisboa manteve sempre uma postura vigilante e tão crítica quanto era possível ser naquele tempo. Em abril de 74, estava instalado na rua Luz Soriano, no Bairro Alto. Era dirigido por António Pedro Ruela Ramos, e contava com uma equipa de mais de 30 redatores: Armando Pereira da Silva, Fernanda Mestrinho, José Freire Antunes, Luis Sttau Monteiro, Maria Judite Carvalho, Mário Castrim, Nuno Rocha, Urbano Tavares Rodrigues… Como outros vespertinos, quando saiu para as bancas já a Revolução ia adiantada, dedicando-lhe 7 das 28 páginas do caderno principal. Fez manchete com os comunicados do MFA, a rendição de Marcelo Caetano no quartel do Carmo, e a assunção do poder pelo general Spínola. Os seus repórteres fizeram a história dos principais acontecimentos em Lisboa, reproduzindo o entusiasmo que se vivia nas ruas. Noticiou o desenrolar da Revolução no país, as primeiras reações nas colónias e, em nota irónica, fez título da “Falta de quórum na Assembleia Nacionalnaquele dia. A edição esgotou-se, obrigando a ativar as rotativas uma segunda vez. A edição do dia seguinte, 26 de abril, foi quase toda dedicada à Revolução, 16 das 20 páginas. O relato dos principais acontecimentos da manhã de Lisboa – apresentação do programa do MFA e da Junta de Salvação Nacional, no quartel da Pontinha (8h); ocupação de Caxias e a libertação dos presos políticos (8h30); rendição da PIDE-DGS, na rua António Maria Cardoso (9h30) – fizeram a primeira página, desenvolvendo-se por outras. A foto do “minuto zero” remetia ainda para o Largo do Carmo. Alguns episódios de resistência registados pelo país; o balanço dos mortos e feridos; a reação dos movimentos de libertação africanos; o impacto na imprensa estrangeira e nas instituições internacionais também mereceram atenção. Como na véspera, extraiu 2.ª edição.

Rita Correia
Hemeroteca Municipal de Lisboa

 
     
  Números disponibilizados na Hemeroteca Digital: 18439 (25 Abr. 1974) a 18445 (2 Mai. 1974)