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Começou a publicar-se a 22 de setembro de 1942 e extinguiu-se a
28 de setembro de 1991. Propriedade da Sociedade Industrial de
Imprensa, o vespertino ficou sob a direção de António Tinoco.
Nascido nos anos áureos do Estado Novo, o jornal revelou sempre
uma lealdade militante ao regime.
À data da Revolução, tinha sede na rua Luz
Soriano, no Bairro Alto. Martinho Nobre de Melo assegurava a
direção, e do corpo da redação faziam parte: Fernando Teixeira,
Acácio Barradas, Jacinto Batista, Manuel Magro, Rego Chaves,
entre outros. Dada a sua orientação, não se estranha o tom
contrafeito das primeiras notícias da edição de 25 de abril.
Destacou os episódios que testemunhavam a resistência oferecida
pelas forças militares fiéis ao regime, como aquele que foi
reportado na foto da primeira página e que a legenda esclarece:
“A meio da manhã, na rua do Arsenal, frente a frente forças
fieis ao Governo e forças revolucionárias.” No interior, fotos,
títulos e prosa recriam um ambiente de tensão, confronto
militar: “Alarme numa cidade com ruas desertas”; “No Cais do
Sodré: tropas fiéis ao governo.” Através de um discurso vago e
confuso procurava persuadir-se o leitor de que nada estava
resolvido. Noticiaram a deslocação de tropas, de vários
quartéis, para Lisboa ou com “destino desconhecido”; e
referenciaram o MFA com diversas designações, como “forças
militares”, “movimento militar”, “forças sublevadas”,
“dissidentes”, “revolucionárias”, etc., que se cruzavam sem
critério: “A Emissora Nacional ocupada pelos militares difunde
os comunicados das forças sublevadas.” No dia seguinte, o
Diário Popular usou um discurso mais festivo e fotos também.
O tema que mereceu mais atenção foi o da apresentação da Junta
de Salvação Nacional, que chamou logo à primeira página,
ilustrando-a com uma foto do general Spínola. Mas silenciaram os
disparos feitos sobre a multidão a partir da sede da DGS,
anunciando uma rendição “Sem tiros nem violência”. Noticiaram as
cinco edições extraídas no dia anterior e vangloriaram-se de
terem sido os primeiros a reproduzir a proclamação do MFA. O
regresso à “normalidade” do quotidiano na capital e no país, o
ambiente no ultramar, as reações de instâncias internacionais e
o impacto na imprensa estrangeira mereceram ainda a sua atenção.
Rita Correia
Hemeroteca Municipal de Lisboa |
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