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Jornal semanário, começou a editar-se em setembro de 1934,
propriedade da Empresa Gráfica Comércio do Funchal e dirigido
por Álvaro M. Teixeira. Em 25 de abril de 1974 tinha a redação e
administração no Funchal, na rua do Carmo, n.º 23, 2.º. Era
composto e impresso na Tipografia Minerva, na rua dos Netos, n.º
20. O seu diretor e proprietário era João Carlos da Veiga
Pestana, que o adquirira em 1967. Jornal regional de projeção
nacional, político e de esquerda, o “jornal cor-de-rosa”, como
era conhecido, atravessava um “período de ouro”, conhecendo
tiragens da ordem dos 14 a 15000 exemplares. Em torno de um dos
seus principais dinamizadores – Vicente Jorge Silva, que viria a
ser diretor interino do jornal a partir de junho de 1974 –
constituiu-se um corpo de colaboradores que integrava nomes como
António Mega Ferreira, Fernando Dacosta, José António Barreiros,
José Manuel Barroso, Júlio Henriques, além de jovens jornalistas
do arquipélago, como Luís Maria Angélica, Ricardo França Jardim
ou José Maria Amador. Com um histórico consolidado de oposição
ao regime, a primeira edição imediata à Revolução com circulação
no Continente, em 9 de maio (a edição especial sobre o 25 de
Abril, com uma tiragem de 10 mil exemplares, teve circulação
exclusiva na Madeira), com a imagem da manifestação do 1.º de
Maio no Funchal com honras de capa, apresenta uma continuidade
com a linha editorial anterior, com as habituais matérias
sociais (condições de vida e de trabalho), mas agora libertas
dos condicionalismos da censura prévia, e por isso mais
assertivas no ataque ao colonialismo e às estruturas do anterior
regime (que adjetiva reiteradamente de “fascista”), no
tratamento da questão do movimento operário ou nas interrogações
sobre os futuros jogos de coligação partidários. Em editorial, o
Comércio do Funchal perspetiva para si mesmo um
posicionamento distinto na conjuntura que se inaugurava, menos
noticioso e mais de intervenção no debate ideológico já em
marcha. Só o faria até 24 de abril de 1976, data em que publicou
o seu último número.
João Carlos Oliveira
Hemeroteca Municipal de Lisboa
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