Em 1948, era fundada a Agência Portuguesa de Revistas, por iniciativa de Mário de Aguiar, em sociedade com António Joaquim Dias. Pouco mais de uma década mais tarde, a Agência era responsável por mais de 50 títulos diferentes, com uma tiragem global de mais de um milhão de exemplares mensais. Citem-se apenas, para se ter ideia do universo editorial em questão, três dos seus títulos mais marcantes: O Mundo de Aventuras (desde 1949), a Plateia (desde 1951) e a Crónica Feminina (desde 1956).

A Crónica Feminina, verdadeiro recordista editorial, com uma história traduzida em mais de 1500 números, ao longo de 30 anos, preenchia as suas páginas com notícias e artigos de sociedade, moda, medicina, beleza, cinema, cultura e humor. De formato reduzido, e com 32 páginas, impressionava desde logo pelo cromatismo apelativo das suas capas fotolitográficas. Em breve, o título viria a ganhar a companhia de outros dois, com ele padronizados graficamente, no preço (1$50), na periodicidade e na natureza eclética dos conteúdos, e que comprovam a vontade e capacidade da Agência para desenvolver a sua atividade em função de públicos-alvo específicos.

O primeiro a surgir foi Crónica Masculina, em 8 de dezembro de 1956, contando com direção e edição de Rui Costa. “De homem para homem”, a revista publicava-se todos os sábados, “tanto quanto possível amena e garrida”, “limpa, airosa, expurgada de assuntos de mau gosto”, salpicada “de graça – daquela graça inofensiva e sadia que a tua mentalidade e a tua moral não recusam”. Aparentemente, a fórmula não captou o interesse dos homens portugueses, pelo que a revista encerrou a publicação no seu 20.º número, em 20 de abril de 1957. A coleção completa fica agora disponível na Hemeroteca Digital, aqui.
           

Menos de uma semana antes deste desaparecimento, surgia a Crónica Desportiva, em 14 de abril. Com Vasco Santos como diretor e editor, saía aos domingos. A atenção dada pela Agência aos assuntos desportivos já conhecera outras iniciativas, designadamente na forma de álbuns, separatas, destacáveis. Mas este era, de acordo com o seu “lance de saída”, uma “mais vasta iniciativa”, que oferecia ao público “o magazine gráfico que faltava no nosso meio”, “um mundo de curiosidades e de imagens do desporto universal, um contacto novo entre os atletas (…) e a legião dos seus admiradores”. Este último desígnio salda-se em múltiplos artigos biográficos sobre “estrelas” do desporto nacional, ilustrados com fotografias inéditas que, a par da rubrica “Roteiro dos Clubes Populares”, constitui um dos recursos informativos mais interessantes da revista, que pode ser agora consultada aqui.

No seu 43.º número, de 2 de fevereiro de 1958, a Crónica Desportiva anuncia alterações na dimensão, na periodicidade (passaria a quinzenal) e no preço (para o dobro). Outros catálogos sinalizam o título até setembro desse ano, mas na coleção da Hemeroteca não existe nenhum exemplar desse novo formato.

© João Oliveira/Hemeroteca Municipal de Lisboa