Foi nas décadas de 1950 a 1970 que as fotonovelas tiveram o seu período áureo. Inspiradas no modelo da banda desenhada, mas utilizando fotografia em vez de desenho, as fotonovelas impuseram-se no mercado editorial com as suas narrativas simples com finais quase sempre com significado pedagógico e moralizante, dirigindo-se especialmente o público feminino, rendido ao romantismo das histórias. Em Portugal, o mercado foi alimentado com muitas produções brasileiras (Capricho, Fascinação, Carícia, ou Contigo), mas também nacionais (recorde-se a Simplesmente Maria, por exemplo), na forma de adaptações ou de originais. Prova do sucesso deste formato era a sua inclusão, em secção própria, em revistas do segmento da imprensa feminina, na forma de fascículos colecionáveis.

Tendencialmente as telenovelas vieram ocupar o seu lugar mas, apesar disso, a fotonovela subsistiu, como misto de produto derivado e de divulgação, na forma de versões impressas da narrativa.

Com todo o seu anacronismo, estes títulos são hoje em dia valorizados muito em função da uma cultura do vintage e do kitsch, mas fornecem em paralelo retratos preciosos das dinâmicas sociais, nomeadamente do ponto de vista dos papéis de género, relações familiares e de poder.

A coleção que disponibilizamos hoje, Fotonovelas Vim, tem a particularidade de ter sido distribuída como brinde na aquisição desse já desaparecido produto de limpeza. Foram editadas pela Agência Portuguesa de Revistas (responsável por títulos tão marcantes e com histórias editoriais tão longas como a Crónica Feminina, a Plateia ou O Mundo de Aventuras), contando com histórias originais de autores portugueses (Alice Ogando e Ema Paúl assinam várias) e elencos, também eles, nacionais, de onde destacamos os nomes, ainda hoje conhecidos do grande público, de Lia Gama, Ana Zanatti, Florbela Queirós ou Luís Mascarenhas.

Fica disponível aqui.

© João Oliveira/Hemeroteca Municipal de Lisboa