Em 13 de maio de 1938 surgia em Lisboa O Monumento, jornal de que era diretor, proprietário e editor Monsenhor Pereira dos Reis. Manteve-se em publicação, com uma periodicidade irregular, ao longo de 24 anos, até maio de 1962, em duas séries de 21 e 32 números.

A longevidade fica justificada pelo moroso processo de concretização do projeto que o jornal visava divulgar, promover e ajudar a financiar: a construção do monumento ao Cristo Rei: "Vai-se erguer defronte de Lisboa, na Outra Banda, um monumento grandioso, um trono magnífico donde a estátua de Cristo-Rei fique para sempre a abençoar a cidade, o rio, o mar, a nação e êsse mundo de estrangeiros de tôdas as raças e nações que diàriamente abordam às margens do nosso Tejo. O jornal «O Monumento» será o eco da voz do Venerando Episcopado, da voz da Igreja, da voz da Pátria, a convidar, a alvoroçar, todos os portugueses de áquém e além-mar para esta soleníssima proclamação nacional da realeza mundial de Cristo."

Aliada à propaganda do monumento, o jornal faz uma apresentação detalhada das contribuições angariadas pela subscrição nacional lançada em junho de 1937, publicando a "Ala dos beneméritos", a lista dos "Benfeitores insignes", ou os resultados da campanha "Pedras pequeninas", que mobilizou as crianças para a recolha de fundos.

Com o lançamento da primeira pedra em 18 de dezembro de 1949, a expressão de confiança "Vamos erguê-lo!" perpassa em todos os números da 2.ª série do jornal, iniciada em março de 1950. Passa a fazer-se um relato da progressão da obra, e é lançada a ideia de um Plano Trienal, "nem pesado aos ricos, nem difícil aos remediados": "3 anos só, de construção, 3 anos, só de subscrição, ao mínimo de mil escudos cada ano", pedindo-se às crianças "as suas pedras pequeninas", às senhoras "as suas jóias verdadeiras ou simbólicas", ao povo "as migalhas da sua pobreza".

A obra acabaria por ter o seu termo em 1959, com inauguração em 17 de maio desse ano. O Monumento, coleção que disponibilizamos completa, aqui, graças ao apoio do Centro de Estudos de História Religiosa, traz um novo e curioso olhar sobre o processo de construção daquele que se tornou um dos ícones mais marcantes da cidade de Lisboa.