Há precisamente 150 anos, no dia 29 de Dezembro de 1864, surgia em Lisboa o número 1 (Programa) do Diário de Notícias : noticiário universal. Propriedade de Tomás Quintino Antunes e Eduardo Coelho (que assumiu também as funções de redator), o jornal tinha escritório na Rua dos Calafates (hoje Rua Diário de Notícias). Era impresso nessa mesma rua do Bairro Alto, na Tipografia Universal, a qual foi se foi gradualmente adaptando à necessidade de resposta tecnológica induzida pelo novo título, cuja tiragem inicial, de 5.000 exemplares, quase duplicou no decurso do primeiro ano de publicação.

O segredo do sucesso do novo diário começava no preço, de apenas 10 réis, consideravelmente inferior ao praticado por outras publicações em Portugal, e perfeitamente alinhado com o de jornais de grande tiragem das principais capitais europeias. Mas há um fator de rutura com o jornalismo praticado até então que mereceu, por parte dos responsáveis pelo projeto, a justificação do seu aparecimento por motivos de "necessidade" e da "utilidade". Num universo dominado pelo jornalismo doutrinário e de opinião, o Diário de Notícias impôs-se através de um discurso moderno, informativo e independente: "eliminando o artigo de fundo, não discute política, nem sustenta polémica": era esse o compromisso assumido no editorial do primeiro número, aliado a um "estylo fácil" e "com a maior concisão", capaz de "interessar a todas as classes, ser accessivel a todas as bolsas, e comprehensivel a todas as intelligencias".

A Hemeroteca Municipal de Lisboa não poderia deixar de se associar a este aniversário, disponibilizando um conjunto de fontes para a história deste importante jornal, que pode consultar aqui.