A monografia que apresentamos hoje no nosso
dossier digital comemorativo da I Guerra Mundial
– Maldita seja a Guerra… – foi impressa em 1925, com
autoria de Joaquim Ribeiro de Carvalho (1880-1942), natural do
distrito de Leiria. Frequentou o Seminário dessa cidade, que
acabou por abandonar, iniciando um percurso de intenso ativismo
político e cívico em defesa da causa republicana (no seu
currículo constam passagens pela Carbonária e Maçonaria), regime
que ajudou a implantar, também muito em função das suas
colaborações na imprensa periódica (entre outras contribuições,
destaque para a fundação e direção do jornal A República
Portuguesa, 1910-1911), que conciliou com o cargo de
deputado, exercido de 1911 a 1925.
No rosto
da obra, Ribeiro de Carvalho apresenta-se como membro da
Academia de Ciências de Lisboa, autor de vasta obra em verso,
prosa e teatro. Entramos, por isso, no domínio da produção
ficcional em torno da Primeira Grande Guerra, numa série de
breves contos em que acompanhamos, por exemplo, a figura de um
“João dos Montes”, que não serve senão o propósito de
representar os milhares de portugueses que, impreparados,
desinformados, e arredados dos ideais e dos interesses que
motivaram a participação no conflito, se viram mobilizados:
“Tinham-no ido buscar à sua aldeia tranquila e distante, perdida
entre serranias silenciosas, como se da sua intervenção, da
sadia força dos seus braços, dependessem os destinos da
humanidade inteira. E deixara-se levar, entre os gritos da velha
mãe contraída de espanto, entre os soluços doloridos da noiva
inolvidável. – Era a guerra… – diziam-lhe os
companheiros”.
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