a mulher [1879] |
O dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, integra o calendário das efemérides reconhecidas pelas Nações Unidas desde a ano de 1975. A data foi escolhida em homenagem às operárias têxteis vítimas do incêndio subsequente à greve e ocupação de uma fábrica de Nova Iorque, no ano de 1857. Hoje, a Hemeroteca Municipal de Lisboa associa-se à efeméride, disponibilizando em linha, aqui, o jornal A Mulher, editado em 1879, e tendo como redactores Xavier de Carvalho e Xavier Pinheiro. É extensa a lista de colaboradores nas 40 páginas que a compõem, incluindo nomes como João de Deus, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Gomes Leal, Fialho de Almeida, Leite de Vasconcelos. Mas é nas contribuições femininas que vamos encontrar os textos de rutura mais orientados para os objectivos de "renovação intellectual da mulher" propostos na abertura do jornal: Olívia Teles de Meneses ("A mulher em todas as idades"), Andrea Neyrand ("Education et instruction de la femme") e Maria Amália Vaz de Carvalho ("Soto voce"). As feministas Angelina Vidal, Clorinda de Macedo e Amélia Janny têm apenas colaboração poética. Citando Maria Amália Vaz de Carvalho, neste jornal: "Resta agora saber o que eu venho dizer a meia voz aos leitores da "«Mulher». Aos leitores nada! Às leitoras tudo que souber. Os jornaes em geral são feitos para os homens. Industria, finanças, sciencia, politica, administração, eis o que elles tratam, analysam e discutem: Ninguém cuida das necessidades intellectuaes da mulher; a essa de quem o homem moderno tanto exige, bastam na opinião d'elle, pela mais absurda das contradições, as gazetas de modas, e o que ha de mais ridiculo e mais adocicado, uma especie de rebuçados litterarios que fabricam para usa das pobres de espirito os confeiteiros charlatães. Eu tenho a audacia de preoccupar-me profundamente com o destino da mulher nas sociedades modernas." Feminino no seu público alvo, feminista nos seus objetivos, assim caracteriza Helena Roldão este título, na ficha histórica que pode ler aqui. |