Disponibilizamos hoje quatro títulos, quatro representantes da imprensa panfletária portuguesa. Com orientações e intenções políticas bem distintas, e com fugazes períodos de publicação dispersos entre os anos de 1915 e 1926, têm em comum terem como pano de fundo momentos particularmente críticos e fragilizadores do regime republicano e dos seus ideais: a ditadura de Pimenta de Castro, o Sidonismo e as vésperas do 28 de Maio de 1926.

Estes exemplares, frágeis ao nível do suporte e extremamente vinculados com a atualidade face à qual reagiam, são hoje extremamente raros nas coleções de bibliotecas ou de bibliófilos, tanto assim que não encontrámos, nas pesquisas efetuadas, outros exemplares em bibliotecas portuguesas. Agradecemos uma vez mais ao Dr. Ricon Peres a cedência da coleção d'O Espectro, a partir da qual se fez a cópia digital que hoje disponibilizamos.


Publicou-se em Lisboa, em apenas dois números, em Abril e Maio de 1915, que pode agora consultar aqui. Foram seus promotores Herculano Nunes e Hermano Neves, que acumulavam as funções de autores, diretores, editores e administradores: ambos jornalistas de profissão e ativos defensores da República, cujos destinos se haviam cruzado na redação d’A Capital. O título surge como reação à ditadura de Pimenta de Castro, instituída em Fevereiro do mesmo ano, e com o claro propósito de apelar à união dos republicanos. Derrubada a ditadura em 14 de Maio, o Fora da lei! cumpria o seu desígnio e, concluída a sua campanha, extinguia-se.

Para saber mais sobre a publicação leia aqui
a ficha histórica elaborada por Rita Correia.

 

 
 


Publicou-se em Lisboa, em apenas 2 números, em Agosto de 1915, por iniciativa de Astrigildo Chaves. Manifestamente anti-republicanoO Espectro, que pode agora ler aqui, deu voz às forças de contra-revolução monárquica, cuja atividade conspiratória e de propaganda avivara com a breve passagem de Pimenta de Castro pelo poder. Pode justificar-se pela violência dos ataques à República e aos seus dirigentes o fim abrupto da publicação. O autor, de resto, estava consciente dos riscos e citemos o que escreve, em jeito de abertura: “Pode suceder que, durante a sua travessia por este Inferno Democratico, seja sepultado n’uma masmorra, a ver se soccumbe e deixa de os seguir a sombra sangrenta apavorante.”

Saiba mais sobre esta publicação aqui, na ficha histórica que Rita Correia lhe dedicou.



 

 
 


Publicou-se por iniciativa de Guilherme Lyra, contando apenas com dois números não datados, que pode agora consultar aqui. O conteúdo, tendo como pano de fundo as eleições de 28 de Abril que viriam legitimar pelo voto a presidência de Sidónio Pais, remete-nos com alguma segurança para a 2.ª quinzena de Abril de 1918. Nas suas páginas, A Revolta faz a crítica a essa República Nova instituída pelo golpe revolucionário de Dezembro de 1917, essa “extranha República” que desvirtuava os princípios fundadores do regime.

Saiba mais sobre esta publicação aqui, na ficha histórica elaborada por Jorge Mangorrinha.

 
 


Publicou-se em Lisboa em Abril e Maio de 1926, em apenas 3 números conhecidos, que pode agora consultar aqui. O seu mentor (autor, diretor, editor e proprietário) foi Evaristo de Carvalho, republicano deste os tempos do ultimatum, e com um passado rico em colaborações jornalísticas em títulos diversos. Escrito num clima de instabilidade política motivada pela crise dos partidos republicanos tradicionais, pela agitação operária de base anarco-sindicalista e pelo fortalecimento das forças conservadoras na cena política, A Flecha constitui uma crítica violenta à situação da República nos anos 20, à sua evolução política, e um elenco de soluções viabilizadoras do regime que, em 28 de Maio de 1926, acabou por sucumbir.

Saiba mais sobre esta publicação aqui, na ficha histórica que Álvaro Costa de Matos lhe dedicou.