No dia 6 de Outubro de 1862 celebrava-se em Lisboa o casamento real entre o D. Luís I e D. Maria Pia de Sabóia. Em Itália, um ano antes, o pai da jovem rainha, Vítor Manuel, havia conseguido a unificação do país.

Portugal e a Itália, ou enlace da Dynastia de Bragança com a Dynastia de Saboya, da autoria de José Miguel Ventura (n. 1825?), surge como documento coetâneo fundamental para a compreensão deste enlace, através do qual “uma princeza descendente da antiquíssima e invicta casa de Saboya vem, pela vez terceira, encendrar a estirpe da casa real portugueza, e assentar-se no throno de um nascente reinado.”

Está estruturado em seis capítulos: os dois primeiros traçam um retrato dos dois países unidos pelo consórcio; o 3.º enuncia as “excellencias moraes e politicas” desta união matrimonial; os dois seguintes, a biografia de D. Luís e de D. Maria Pia; e o capítulo final, o mais rico em informação, faz a narrativa exaustiva dos festejos, com descrições pormenorizadas da forma como Lisboa se preparou para a cerimónia. Este capítulo termina com uma descrição minuciosa da arquitectura e decoração dos aposentos reais no Palácio da Ajuda, transcrita do Jornal Mercantil, do Porto. O texto, cujo original pertence à doação Padre Ruela Pombo e se encontra na Biblioteca Municipal de São Lázaro, e que integra agora a nossa secção de raridades bibliográficas, pode ser integralmente lido aqui.

Rainha com apenas 15 anos, D. Maria garantiu a sucessão do trono português pelo nascimento de Carlos I, que viria a tombar mortalmente no regicídio de 1908. Assistiu ainda à implantação da República, na sequência da qual partiu para o exílio escolhendo, ao contrário do resto da família real, o Piemonte, de onde era originária, e onde viria a falecer em 5 de Julho de 1911.