col. Biblioteca-Museu República e Resistência

António Mário de Figueiredo Campos (Lamego, 1876- Lisboa?) foi oficial de Cavalaria, curso que concluiu em 1897 com elevada classificação. Em 1903 concluiu, com distinção, o curso de oficial do Estado-Maior tendo desempenhado funções neste organismo durante quase a sua carreira militar, que veio a terminar em 1933. Na Escola de Guerra, a partir de 1914, ano em que foi nomeado por concurso, desempenhou funções de professor, em várias disciplinas, e em 1921 foi comandante interino da Escola Militar. Ao longo da sua vida militar participou em várias comissões de estudo sobre assuntos diversos, nomeadamente sobre caminhos-de-ferro, aviação comercial, arborização florestal, ou a participação portuguesa na Grande Guerra.

Podemos adivinhar neste militar um estudioso nato e um promotor do conhecimento. Desde os 19 anos que deu início a uma atividade literária, iniciando-se na Revista Militar e depois na Revista do Exército e da Armada. Viria ainda a colaborar em periódicos como o Diário de Lisboa, o Boletim da Sociedade de Geografia, o Primeiro de Janeiro, ou A Voz. Em 1908 editou os seus primeiros livros: A cavalaria portuguesa na guerra da Península e Desenho panorâmico militar (obra de referência para a arte do desenho militar), dando início a uma carreira literária prolixa.

A obra que agora apresentamos é um dos seus contributos para um melhor entendimento das razões que levaram à participação portuguesa no conflito de 1914-1918, a par de outros títulos por ele publicados sobre o mesmo assunto. Portugal na Quadrela da Flandres não é uma obra específica sobre a I Grande Guerra. Antes assume-se como um livro sobre as relações entre Portugal e Flandres, que datam desde o século XIII, as batalhas partilhadas entre os dois países, os laços familiares que se desenvolveram, o valor bélico dos flamengos, como motivo para o envio de tropas portuguesas para aquele que foi um dos mais marcantes teatro de operações militares portuguesas do século XX.

Ana Homem de Melo | Lisboa, GEO, fevereiro 2015