A sátira na imprensa escrita, pela palavra ou pelo humor gráfico, constituiu desde cedo uma forma alternativa de ver o mundo.

Em 1974, após uma pausa de dois anos, renovados graficamente, Os Ridículos apresentavam-se como “o mais antigo semanário humorístico português”. Fundado em 1895 por Cruz Moreira, o “Caracoles”, assumiram na sua génese a missão de “ridicularizar, apepinar, troçar a humanidade em geral, e os políticos em particular. Não nos movem ódios, nem mal-querenças, nem é nosso intento ferir, ou molestar as susceptibilidades de alguém. Uma vida editorial atribulada, com várias pausas e suspensões: “«Os Ridículos» é sem dúvida um jornal difícil. E é difícil porque fazer graça, fazer rir o pagode não é coisa que esteja ao alcance de todos. Mas não é só por isso que é difícil… É que nem sempre, nem em todas as épocas da história é possível fazer rir as pessoas, contando-lhes as pilhérias que elas gostam. Depende muito como se sabe de vários factores importantíssimos… mesmo muito importantíssimos… Não sei se o leitor está a entender-nos… Nós calculamos que sim…”, afirmavam em primeira página no número que marca um dos regressos do jornal, em Outubro de 1969.

No ano em que se passam 45 anos sobre o 25 de Abril de 1974, é com Os Ridículos que assinalamos a efeméride, disponibilizando na Hemeroteca Digital, aqui, este importante título desde o primeiro número saído em Liberdade (n.º 183, de 27 de Abril de 1974) até ao final dessa 3.ª série (n.º 248, de 31 de Julho 1975). O Verão Quente marcou, de resto, o desaparecimento de outro “peso pesado” do periodismo de humor, o Sempre Fixe (em 22 de agosto de 1975).

A direção do jornal cabia então a Silva Nobre, com o cartoonista Ferra a assumir em regime de quase exclusividade a componente de caricatura e ilustração, deixando um retrato desse primeiro ano de construção da Democracia em Portugal.

© João Oliveira/Hemeroteca Municipal de Lisboa