A assinalável longevidade do Estado Novo resultou, em grande medida, da eficácia dos instrumentos lançados pelo regime para criação de um "homem novo", ideia transversal aos vários regimes totalitários do século XX europeu.

Depois da criação, logo em 1933, do Secretariado de Propaganda Nacional (depois Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo) e do controlo do sector económico e produtivo, no mesmo ano, com a criação dos Sindicatos Nacionais, impunha-se que a ação pedagógica do regime se estendesse aos espaços e aos grupos informais. Em Junho de 1935, é criada a FNAT - Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, e por decreto-lei de 19 de Maio de 1936 chega a vez de atrair para esta esfera a infância e a juventude, garante natural da perpetuação dos valores do regime, com a criação da Mocidade Portuguesa.

Os seus objetivos eram claros e abrangentes: "estimular o desenvolvimento integral da sua capacidade física, a formação do carácter e a devoção à Pátria, no sentimento da ordem, no gosto da disciplina, no culto dos deveres morais, cívicos e militares".

Para este fim, e a par das atividades organizadas, surgiram várias publicações periódicas, de caráter lúdico e pedagógico, claramente empenhadas na propaganda do regime, tendo como alvo o público infanto-juvenil.

É o caso de Estandarte: jornal de Mocidade, projeto editorial com início em Março de 1941, dirigido por Luiz d'Avillez e Eduardo Freitas da Costa. Apesar das elevadas ambições expressas no primeiro editorial, canalizadas para ideais "de saúde do espírito e de saúde física", erguendo "a voz da Mocidade - vibrante e altiva como um estandarte de guerra", não duraria mais do que escassos 7 números, que ficam disponíveis aqui.