Motivados pela onda de interesse em torno da personalidade de Manuel Teixeira Gomes, o 7.º presidente da 1.ª República (de 6 de Outubro de 1923 a 11 de Outubro de 1925) suscitada pela estreia do filme Zeus, do realizador português Paulo Filipe Monteiro (ver trailer aqui), decidimos revisitar alguma da imprensa da época para descobrir como foi tratado e comentado o seu pedido de demissão.

Foi um episódio inusual, para o qual foram invocadas razões de saúde, mas a leitura da imprensa não esclarece de todo as reais motivações, e as palavras do próprio evidenciam sobretudo o desencanto com a carreira política: "A política, longe de me oferecer encantos ou compensações, converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros". É também possível imaginar que a enorme perturbação política a social que se vivia no país possa ter influenciado a decisão de Teixeira Gomes em colocar um ponto final na carreira política iniciada em 1910, como Ministro plenipotenciário de Portugal em Inglaterra.

A renúncia do Presidente Manuel Teixeira Gomes mereceu um destaque muito desigual na imprensa, onde o silêncio total de alguns periódicos contrasta com o destaque dado na primeira página, em tom elogioso ou crítico, por outros.

Veja aqui uma pequena amostra, baseada nos exemplares da coleção da Hemeroteca Municipal de Lisboa, do que então se noticiou e disse sobre o presidente que “bateu com a porta” e decidiu mudar de vida, impondo-se um auto-exílio na Argélia, onde viria a morrer.