“Querendo [...]corresponder ao desfavor com que nos tem distinguido o Governo Civil, já apprehendendo-nos, já sequestrando-nos, já apalpando-nos, já capturando-nos, resolvemos desdobrar A Marselheza n'este pequeno e modico supplemento destinado ao invéz dos seus congéneres, a não ter entrada em todas as casas. Programma não o temos, como não o pode ter o filho que sahe ao pae. O que temos é vícios - hereditarios. Assim, todas as manifestações da nossa actividade devem ser attribuidas a fatalidades organicas de transmissão, como os males do filho devem atribuir-se aos males do pae. E os nossos males são: rebeldia e processos de imprensa, intransigencia e custas de sellos, além de outros pequenos berbicachos de temperamento, como: espirito de indisciplina e inveterado odio ao licôr de rosa."

É desta forma que se apresenta ao público, no editorial do seu primeiro número, este A Marselheza : supplemento de caricaturas, "o jornal de maior circulação... em todo o Governo Civil", dando início a um atribulado percurso de pouco mais de um ano, saldando-se em 57 números de periodicidade semanal muitas vezes comprometida pela ação repressiva do Governo e da Polícia.

Contava, na sua origem, com a direção de João Pinheiro Chagas e com a colaboração gráfica do então jovem e promissor artista Leal da Câmara, que recentemente iniciara o que viria a ser uma profícua atividade no domínio da caricatura em publicações periódicas.

A coleção fica agora disponível na Hemeroteca Digital, aqui, com ficha histórica da autoria de Rita Correia, que pode ser lida aqui.