“Para melhor e mais precisa conmprehensão do titulo d'este pamphleto e das palavras que vão lêr-se, eu peço, sem o proposito de insulto, aos senhores todos – artistas, politicos, homens do mundo – que se considerem por um instante, para que sem esforço logrem attingir o symbolismo do meu intuito, unica e singelamente – bêstas.

Quando o animal vae indo desempenado e direito no caminho que justamente lhe compete, é claro que a aguilhada não fére e o guia, satisfeito, descansado, de bom-humor, não deixa de lhe dar amavelmente duas palavras de ternura. Se o bicho emperra, e não vae, e resmunga, e segue torto, a aguilhada então carrega sem piedade, sem que lhe valham os ternos olhares compassivos e as blandicias na imminencia dolorosa do castigo.

Os senhores devem ter comprehendido sufficientemente para, feito aviso, sem remorsos que depois nos roam – fiados na Divina Providencia e na caridosa protecção das leis do reino, podermos seguidamente começar.”

Assim fica definido, no primeiro editorial, o intuito de Aguilhadas : publicação mensal de critica á arte, á politica e aos costumes, dirigida por Paulo Osório em 12 números que se editaram no Porto, entre junho de 1903 e agosto de 1904.

A coleção fica agora disponível na Hemeroteca Digital, aqui, com fica histórica da autoria de Jorge Mangorrinha, que pode ser lida aqui.